Virtudes – Fidelidade 2
Uma força que
conquista o tempo
«Como foste fiel
no pouco, eu te confiarei muito: entra na alegria do teu Senhor» (Mt 25,21). O final da
parábola dos talentos relaciona a fidelidade com a alegria do Senhor, depois de
sublinhar a importância das coisas pequenas. A fidelidade conduz do mais
pequeno para o maior, do cuidado daquilo que nos está encomendado na terra até
à glória eterna. A fidelidade consiste no cumprimento daquilo a que a pessoa se
comprometeu; é uma virtude unida à veracidade e à fiabilidade, porque há uma
coerência entre a palavra dada por uma pessoa fiel e as suas acções. Mas a
fidelidade que abre as portas do Céu vai mais além dessa simples conformidade e
abarca a totalidade da existência: é uma virtude que se prova no tempo, a
partir da clareza da própria identidade pessoal e das relações com Deus e com
os outros. A fidelidade tem, pois, um aspecto dinâmico: a existência humana
está sujeita a mudanças e, a fidelidade, é como uma força que conquista o
tempo, não por rigidez ou inércia, mas de um modo criativo, integrando as novas
circunstâncias de cada dia no seu compromisso e dando assim continuidade,
segurança e fecundidade à existência, para entrar na felicidade do Céu.
Resumindo, “a fidelidade é a perfeição do amor” (São Josemaria,
Carta 24-III-1931, 45) e redime o tempo (Cfr. Ef 5,16).
“Quando se segue
uma chamada de Jesus Cristo, atualiza-se também uma decisão de entrega por
amor. Quando se diz que sim pela primeira vez à chamada, não se sabe tudo o que
Deus vai pedir, mas a pessoa já quer dar-se de todo e para sempre”.
A Escritura mostra
como o aspecto incondicional da fidelidade é uma resposta à fidelidade de Deus.
A Aliança com Deus, a fidelidade de Cristo, são fundamentos e modelos da
fidelidade humana. Toda a fidelidade autêntica está unida à primeira
fidelidade, a de Deus, e, por sua vez, existe uma íntima relação entre a fidelidade
a Deus e a fidelidade aos outros.
Deus tem um plano
para cada pessoa, embora esta não o conheça nem sempre tenha consciência de que
Deus premiará a fidelidade à sua vocação e missão, que faz dela um ser recreado
pela graça. “Ao vencedor darei do maná escondido; dar-lhe-ei também uma
pedrinha branca e escrito na pedrinha um nome novo, que ninguém conhece senão o
que a recebe” (Ap 2,17). Dava-se uma pedrinha branca aos vencedores dos jogos desportivos; uma
pedrinha branca servia nos tribunais para absolver o acusado; uma pedra marcada
servia como bilhete de entrada para as festas privadas. A minha fidelidade
far-me-á vencedor e permitir-me-á entrar na festa divina, purificado pela
graça: “bem-aventurados os chamados à ceia do Cordeiro” (Ap 19,9). O objecto da
minha fidelidade é participar na vida de Deus, com a plena instauração de um
Reino que é amor.
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