27/10/2020

Temas doutrinais

 


A oração

A oração é necessária para a vida espiritual: é a respiração que permite que a vida do espírito se desenvolva e actualize a fé na presença de Deus e do seu amor.

 

1. O que é a oração

[1]

Há dois vocábulos para designar a relação consciente e coloquial do homem com Deus: prece e oração. A palavra “prece” provém do verbo latino precor, que significa rogar, socorrer-se de alguém, solicitando um benefício. O termo “oração” provém do substantivo latino oratio , que significa fala, discurso, linguagem.

 

As definições de oração, que habitualmente são dadas, costumam reflectir estas diferenças de matiz que acabamos de encontrar ao aludir à terminologia. Por exemplo, São João Damasceno considera-a como «a elevação da alma a Deus e a petição de bens convenientes» [2] ; enquanto que para São João Clímaco, trata-se antes de uma «conversa familiar e união do homem com Deus» [3].

 

A oração é absolutamente necessária para a vida espiritual. É como a respiração que permite que a vida do espírito se desenvolva. Na oração actualiza-se a fé na presença de Deus e do seu amor. Fomenta-se a esperança que leva a orientar a vida para Ele e a confiar na sua providência. E engrandece-se o coração ao responder, com o próprio amor, ao Amor divino.

 

Na oração, a alma, conduzida pelo Espírito Santo no mais profundo de si mesma (cf. Catecismo , 2562), une-se a Cristo, mestre, modelo e caminho de toda a oração cristã (cf. Catecismo, 2599 e seg.), e com Cristo, por Cristo e em Cristo, dirige-se a Deus Pai, participando da riqueza da vida trinitária (cf. Catecismo, 2559-2564). Daí a importância que a Liturgia tem na vida de oração e, no seu centro, a Eucaristia.

 

José Luis Illanes

 

Bibliografía básica

 

- Catecismo da Igreja Católica, 2558-2758.

 

Leituras recomendadas

 

- S. Josemaria, Homilias «O triunfo de Cristo na humildade»; «A Eucaristia, mistério de fé e de amor»; «A Ascensão do Senhor aos céus»; «O Grande Desconhecido» e «Por Maria, a Jesus»,em Cristo que passa , 12-21, 83-94, 117-126, 127-138 y 139-149. Homilias «A intimidade com Deus»; «Vida de oração» e «Rumo à santidade» , em Amigos de Deus , 142-153, 238-257, 294-316.

- J. Echevarría, Itinerários de vida cristã, Diel, Lisboa 2006, pp. 105-120.

- J.L. Illanes, Tratado de teología espiritual, Eunsa, Pamplona 2007, pp. 427-483.

- M. Belda, Guiados por el Espíritu de Dios. Curso de Teología Espiritual, Palabra , Madrid 2006, pp. 301-338.

 



[1] A Igreja professa a sua Fé no Símbolo dos Apóstolos. Celebra o Mistério, ou seja, a realidade de Deus e do seu amor a que nos abre a fé, na Liturgia sacramental. Como fruto dessa celebração do Mistério os fiéis recebem uma vida nova que os leva a viver de acordo com a condição de filhos de Deus. Essa comunicação da vida divina ao homem reclama ser recebida e vivida numa atitude de relação pessoal com Deus; esta relação exprime-se, desenvolve-se e potencia-se na oração.

[2] São João Damasceno, De fide orthodoxa, III, 24; PG 94,1090.

[3] São João Clímaco, Scala paradisi, grado 28; PG 88, 1129.

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