27/10/2020

Outubro - Mês do Rosário




MISTÉRIOS DO EVANGELHO [i]

Sexto Mistério 

Mansidão de Jesus

Jesus Cristo disse de Si mesmo que era: «manso» (Cfr. Mt 11, 29)

Eu, pergunto: Mas o que é ser “manso”?

Pode dizer-se que, “ser manso” é ter brandura de génio, não ser nem intempestivo nem precipitado nas reacções às diferentes contrariedades que vamos encontrando pela vida.

Sinto-me muito longe de tal porque o meu orgulho - contra o qual luto permanentemente sem grande sucesso – me impele para um espírito crítico, muitas vezes exacerbado pelos defeitos que julgo ver nos outros.
E, o pior, é muitíssimas vezes, o que vejo é um reflexo dos meus próprios defeitos e limitações.
Refiro “o meu orgulho” porque o Senhor acrescentou: «e humilde» (Cfr. Mt 11, 29)

Chego, portanto, a uma primeira conclusão: - Para ter mansidão é necessária a humildade pessoal.

No episódio narrado por São Mateus, (Mt 21, 12-13) parece-me – pobre de mim – que o Senhor “contraria” essa mansidão que Se outorga.

Então… a mansidão pode aceitar uma reacção “violenta”?

Penso melhor e concluo que ser manso não é ser abúlico, indiferente, não reagir quando se deve reagir, mesmo que tal implique uma atitude, aparentemente, intransigente.

Visto assim, chego a uma segunda conclusão:
Não reajo como devo a situações que exigem uma atitude clara e firme. Não quero incomodar-me.
Talvez pense - certamente que sim -, que o assunto não é comigo, não me diz respeito não possuo nem “autoridade” nem “estatuto” para tal.

De facto, talvez não tenha, melhor dizendo: não tenho! - nem “autoridade” nem “estatuto”, porque, para os ter, preciso de ter dado exemplo disso mesmo que se impõe que faça.

Não posso nem devo recomendar o que não pratico!
Não seria honesto comigo - intelectualmente – nem, principalmente, para com os outros que, nesse caso, teriam toda a razão para afirmar: Este, diz para fazermos o que, ele próprio não faz!
Que crédito nos merece?
E, eu tenho de concluir: - Absolutamente nenhum!

Quem diz a outros para fazerem o que ele próprio não faz é hipócrita!

A hipocrisia é um dos defeitos que o Senhor mais sublinha e, várias vezes, o refere aos Fariseus e Escribas.

A hipocrisia caracteriza-se pela duplicidade de carácter o que, em termos breves, se pode considerar como não interessa o que se faz mas o que se diz.

Jesus faz um significativo elogio a Natanael de quem diz que é um homem verdadeiro no qual não existe duplicidade.

E o que é um facto é que esta “qualidade” permite a Natanael, conhecer imediatamente Quem lhe fala.

Tu és o Filho de Deus, O Rei de Israel!

A primeira revelação da Pessoa que É Jesus Cristo!

Foi a inteireza de carácter que a permitiu!



(AMA, 2019)


[i] Escolhi este título para uma série de reflexões sobre os mistérios contidos no Evangelho. Se por “mistério” consideramos algo que não entendemos inteiramente ou não compreendemos com meridiana clareza, então julgo que o Evangelho contém muitas atitudes, palavras, gestos de Jesus Cristo cujo verdadeiro significado e “alcance” nos escapa.

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