Sexto Mistério
Mansidão de Jesus
Jesus
Cristo disse de Si mesmo que era: «manso» (Cfr.
Mt 11, 29)
Eu,
pergunto: Mas o que é ser “manso”?
Pode
dizer-se que, “ser manso” é ter brandura de génio, não ser nem intempestivo nem
precipitado nas reacções às diferentes contrariedades que vamos encontrando
pela vida.
Sinto-me
muito longe de tal porque o meu orgulho - contra o qual luto permanentemente
sem grande sucesso – me impele para um espírito crítico, muitas vezes
exacerbado pelos defeitos que julgo ver nos outros.
E,
o pior, é muitíssimas vezes, o que vejo é um reflexo dos meus próprios defeitos
e limitações.
Refiro
“o meu orgulho” porque o Senhor acrescentou: «e humilde» (Cfr. Mt 11, 29)
Chego,
portanto, a uma primeira conclusão: - Para ter mansidão é necessária a
humildade pessoal.
No
episódio narrado por São Mateus, (Mt
21, 12-13) parece-me – pobre de mim –
que o Senhor “contraria” essa mansidão que Se outorga.
Então…
a mansidão pode aceitar uma reacção “violenta”?
Penso
melhor e concluo que ser manso não é ser abúlico, indiferente, não reagir
quando se deve reagir, mesmo que tal implique uma atitude, aparentemente,
intransigente.
Visto
assim, chego a uma segunda conclusão:
Não
reajo como devo a situações que exigem uma atitude clara e firme. Não quero
incomodar-me.
Talvez
pense - certamente que sim -, que o assunto não é comigo, não me diz respeito
não possuo nem “autoridade” nem “estatuto” para tal.
De
facto, talvez não tenha, melhor dizendo: não tenho! - nem “autoridade” nem
“estatuto”, porque, para os ter, preciso de ter dado exemplo disso mesmo que se
impõe que faça.
Não
posso nem devo recomendar o que não pratico!
Não
seria honesto comigo - intelectualmente – nem, principalmente, para com os
outros que, nesse caso, teriam toda a razão para afirmar: Este, diz para
fazermos o que, ele próprio não faz!
Que
crédito nos merece?
E,
eu tenho de concluir: - Absolutamente nenhum!
Quem
diz a outros para fazerem o que ele próprio não faz é hipócrita!
A
hipocrisia é um dos defeitos que o Senhor mais sublinha e, várias vezes, o
refere aos Fariseus e Escribas.
A
hipocrisia caracteriza-se pela duplicidade de carácter o que, em termos breves,
se pode considerar como não interessa o que se faz mas o que se diz.
Jesus
faz um significativo elogio a Natanael de quem diz que é um homem verdadeiro no
qual não existe duplicidade.
E o
que é um facto é que esta “qualidade” permite a Natanael, conhecer imediatamente
Quem lhe fala.
Tu
és o Filho de Deus, O Rei de Israel!
A primeira
revelação da Pessoa que É Jesus Cristo!
Foi
a inteireza de carácter que a permitiu!
(AMA,
2019)
[i]
Escolhi este
título para uma série de reflexões sobre os mistérios contidos no Evangelho. Se
por “mistério” consideramos algo que não entendemos inteiramente ou não
compreendemos com meridiana clareza, então julgo que o Evangelho contém muitas
atitudes, palavras, gestos de Jesus Cristo cujo verdadeiro significado e
“alcance” nos escapa.
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