Nono Mistério
Cura de enfermos
Jesus Cristo É o Taumaturgo
por excelência!
Dos milagres que operou na
Sua vida pública, os Evangelhos relatam com maior frequência as curas de
enfermos de toda a ordem e gravidade – desde a cura da lepra a uma simples
febre (Cfr. Sogra de Simão Pedro, Mc 1, 30) -
porque, para Jesus, a pessoa que sofre move o Seu Coração Amantíssimo e como
que O impele a prestar-lhe assistência.
Lembro-me em criança participar
na chamada Missa dos Doentes, nos dias treze de cada mês de Maio a Outubro, em
Fátima.
Eu era, de facto doente,
portador de uma leucemia grave para a qual na época havia poucos ou nenhuns
recursos.
Olhava à minha volta e via
as dezenas de pessoas de várias idades e padecendo de vários males, desde os
paralíticos aos cegos e outros tolhidos por doenças graves e prolongadas.
Todos aguardavam o momento
em que, no fim da Santa Missa, o celebrante se aproximava com a Custódia para
abençoar todos, enquanto pelos altifalantes ecoavam preces.
Lembro particularmente uma
que me ficou gravada para sempre: “Senhor, se quiseres, podes curar-me!”.
Uma “repetição” da súplica
que um leproso Lhe dirigiu. (Cfr. Mat 8, 2)
Uma das características
principais desta súplica do leproso, é a confiança total e absoluta que
deposita no Senhor: «se quiseres…».
A expressão: «se quiseres…»,
infere mais que confiança, vai mais longe.
É uma afirmação da total
dependência do homem em relação a Jesus. Da sua vontade à Vontade do Salvador.
Poderia, talvez, dizer:
‘Senhor, eu quero que me
cures, que me devolvas a saúde, que restabeleças o meu corpo doente. Mas, eu
sei que Tu sabes muito melhor que eu o que me convém e, portanto, submeto-me
completamente à Tua Vontade’.
Mas… então…
Ah! Sim! Então comparo-me a
Jesus Cristo em Getsemani:
Numa angústia indízível,
suando sangue:
«Pai, se possível afasta
este cálice mas não se faça o que Eu quero, senão o que Tu queres». (Mat
14, 36)
Não se podem estabelecer
comparações dos milagres de Jesus que os Evangelhos nos relatam.
Os “espectaculares”, como as
multiplicações de pães e peixes, as pescarias assombrosas, as “ordens” ao mar e
ao vento, ou, as mais discretas como a cura de uma simples febre como a da
sogra de Pedro.
Mas, todos estes milagres -
que não são todos quantos Jesus operou, São João confessa que não caberiam no
mundo os livros necessários para os relatar - ficarão, porém, sempre muito
atrás do número e “importância” de outros:
Os operados no espírito, na
alma, como o perdão dos pecados.
De facto, o pecado é o maior
mal, a doença mais grave que pode acontecer-nos.
Separa-nos de Deus,
afasta-nos de Cristo, impede a nossa salvação eterna.
Haverá maior mal?
E, no entanto, o Senhor
perdoa-nos sempre que, arrependidos e contritos, Lhe pedimos perdão.
Haverá maior Perdão?
(AMA, 2019)
[i]
Escolhi este
título para uma série de reflexões sobre os mistérios contidos no Evangelho. Se
por “mistério” consideramos algo que não entendemos inteiramente ou não compreendemos
com meridiana clareza, então julgo que o Evangelho contém muitas atitudes,
palavras, gestos de Jesus Cristo cujo verdadeiro significado e “alcance” nos
escapa.
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