14/10/2020

Leitura espiritual Outubro 14

 



Cartas de São Paulo

2.ª Tessalonicenses 2


Vinda do Senhor e seus sinais –

1 Acerca da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e da nossa reunião junto dele, pedimo-vos, irmãos, 2 que não percais tão depressa a presença de espírito, nem vos aterrorizeis com uma revelação profética, uma palavra ou uma carta atribuída a nós, como se o Dia do Senhor estivesse iminente. 3 Ninguém, de modo algum, vos engane. Com efeito, antes deve vir a apostasia e manifestar-se o homem da iniquidade, o filho da perdição, 4 o adversário, aquele que se ergue contra tudo o que se chama Deus ou é objecto de culto, até a ponto de ele próprio se sentar no templo de Deus e de se ostentar a si mesmo como Deus. 5 Não vos lembrais de que, quando ainda estava convosco, vos dizia estas coisas? 6 E agora sabeis o que o detém para que se manifeste no momento que lhe toca. 7 Com efeito, o mistério da iniquidade já está em acção; basta que seja afastado aquele que agora o detém. 8 Então é que se manifestará o iníquo que o Senhor destruirá com o sopro da sua boca e aniquilará com o fulgor da sua vinda. 9 A vinda do iníquo dá-se por obra de Satanás, com toda a espécie de milagres, sinais e prodígios enganadores, 10 com todo o tipo de seduções de injustiça para os que se perdem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. 11 Por isso, Deus manda-lhes uma força que leva ao erro para que acreditem na mentira, 12 e sejam condenados todos os que não acreditaram na verdade mas sentiram prazer na injustiça. 13 Nós, porém, devemos dar continuamente graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, pois Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação na santificação do Espírito e na fé da verdade. 14 A isto Ele vos chamou por meio do nosso Evangelho: à posse da glória de Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Encorajamento – 

15 Portanto, irmãos, estai firmes e conservai as tradições nas quais fostes instruídos por nós, por palavra ou por carta. 16 O próprio Senhor Nosso Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu, pela sua graça, uma consolação eterna e uma boa esperança, 17 consolem os vossos corações e os confirmem em toda a obra e palavra boa.

 


Cristo que passa

 

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E, com os Reis Magos, oferecemos também mirra, isto é, o sacrifício, que não deve faltar na vida cristã.

A mirra traz à nossa lembrança a Paixão do Senhor: na cruz, dão-Lhe a beber mirra misturada com vinho, e com mirra ungiram o seu corpo para a sepultura.

Mas não penseis que meditar na necessidade de sacrifício e da mortificação significa dar uma nota de tristeza a esta festa que comemoramos alegremente no dia de hoje.

 

Mortificação não é pessimismo nem espírito azedo.

A mortificação nada vale sem a caridade: por isso, havemos de procurar mortificações que, além de nos manterem livres em relação às coisas da terra, não mortifiquem os que vivem à nossa volta.

O cristão não pode ser um verdugo nem um miserável; há-de ser um homem que sabe ama com obras, que prova o seu amor na pedra de toque da dor.

 

Mas - insisto - essa mortificação não consistirá habitualmente em grandes renúncias, cuja oportunidade não se nos depara com frequência.

Há-de estar feita de pequenas vitórias: ter um sorriso para quem nos incomoda, negar ao corpo o capricho dos bens supérfluos, habituarmo-nos a ouvir os outros, fazer render o tempo que Deus põe à nossa disposição... e tantos outros pormenores, aparentemente insignificantes - contrariedades, dificuldades, dissabores - que surgem ao longo do dia sem os procurarmos.

 

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Sancta Maria, Stella Orientis

 

Termino repetindo umas palavras do Evangelho de hoje: «Ao entrarem em casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe.» Nossa Senhora não se separa do seu Filho.

Os Reis Magos não são recebidos por um rei sentado no trono, mas por um Menino nos braços da Mãe. Peçamos, pois, à Mãe de Deus, que é nossa Mãe, que nos prepare o caminho que conduz à plenitude do amor: Cor Mariæ dulcissimum, iter para tutum!

O seu suave coração conhece o caminho mais seguro para encontrarmos Cristo.

 

Os Reis Magos tiveram uma estrela; nós temos Maria, Stella Maris, Stella Orientis.

No dia de hoje, dizemos-lhe: Santa Maria, Estrela do mar, Estrela da manhã, ajuda os teus filhos.

O nosso cuidado pelas almas não deve conhecer fronteiras, porque ninguém está excluído do amor de Cristo.

Os Reis Magos foram os primeiros dos gentios; mas, depois de consumada a Redenção, já não há judeu nem grego, não há servo nem livre, não há homem nem mulher - não existe descriminação de espécie alguma - porque todos vós sois um só em Jesus Cristo.

 

Nós cristãos, não podemos ser exclusivistas, nem separar ou catalogar as almas; virão muitos do Oriente e do Ocidente; todos cabem no coração de Cristo.

Voltamos a contemplá-lo no presépio; os seus braços são de menino mas são os mesmos que se abrirão na Cruz, atraindo todos os homens.

 

E o nosso pensamento vai também para esse homem justo, Nosso Pai e Senhor, São José, que, como habitualmente, passa despercebido na cena da Epifania.

Pressinto-o recolhido em contemplação, protegendo com amor o Filho de Deus, que, ao fazer-se homem, foi confiado à sua atenção paternal.

Com a maravilhosa delicadeza de quem não vive para si, o Santo Patriarca entrega-se com um espírito de sacrifício tão silencioso como eficaz.

 

Falámos hoje da vida de oração e do afã de apostolado.

Queremos porventura melhor mestre nesta matéria do que São José? Se quereis que vos dê um conselho, dir-vos-ei - com palavras que venho a repetir incansavelmente desde há muitos anos: Ite ad Joseph, recorrei a São José; ele vos mostrará caminhos concrectos e meios humanos e divinos para chegar a Jesus.

E em breve ousareis, tal como ele, segurar nos braços, beijar, vestir e cuidar deste Menino Deus que nasceu para nós.

Em sinal de veneração, os Magos ofereceram a Jesus ouro, incenso e mirra; José deu-lhe plenamente o coração jovem, cheio de amor.

 

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A Igreja inteira reconhece São José como seu protector e padroeiro.

Ao longo dos séculos tem-se falado dele, sublinhando diversos aspectos da sua vida, sempre fiel à missão que Deus lhe confiara.

Por isso, desde há muitos anos, me agrada invocá-lo com um título carinhoso: Nosso Pai e Senhor.

 

São José é realmente Pai e Senhor, protegendo e acompanhando no seu caminho terreno aqueles que o veneram, como protegeu e acompanhou Jesus enquanto crescia e se fazia homem.

Ganhando intimidade com ele descobre-se que o Santo Patriarca é, além disso, Mestre da vida interior, porque nos ensina a conhecer Jesus, a conviver com Ele, a tomar consciência de que fazemos parte da família de Deus.

E São José dá-nos essas lições sendo, como foi, um homem corrente, um pai de família, um trabalhador que ganhava a vida com o esforço das suas mãos.

Este facto possui também, para nós, um significado que é motivo de reflexão e de alegria.

 

Ao celebrar a sua festa, quero evocar a sua figura, recordando o que dele nos diz o Evangelho para podermos assim descobrir melhor o que, através da vida simples do Esposo de Santa Maria, nos transmite Deus.

 

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A figura de São José no Evangelho

 

Tanto São Mateus como São Lucas falam-nos de São José como varão descendente de uma estirpe ilustre: a de David e de Salomão, reis de Israel.

Historicamente, os pormenores dessa descendência são algo confusos.

Não sabemos qual das duas genealogias que os evangelistas trazem corresponde a Maria - Mãe de Jesus, segundo a carne - e qual a São José, que era seu Pai segundo a lei judaica.

Nem sabemos se a cidade natal de José era Belém, onde se dirigiu para se recensear, ou Nazaré, onde vivia e trabalhava.

 

Sabemos, no entanto, que não era uma pessoa rica; era um trabalhador como milhões de homens no mundo.

Exercia o ofício fatigante e humilde que Deus escolheu também para Si quando tomou a nossa carne e viveu trinta anos como uma pessoa mais entre nós.

 

A Sagrada Escritura diz que José era artesão.

Vários Padres acrescentam que foi carpinteiro. São Justino, falando da vida de trabalho de Jesus, afirma que fazia “arados e jugos”. Baseando-se talvez nestas palavras, Santo Isidoro de Sevilha concluiu que ”José era ferreiro”.

De qualquer modo era um operário que trabalhava ao serviço dos seus concidadãos, que tinha uma habilidade manual, fruto de anos de esforço e de suor.

 

Das narrações evangélicas depreende-se a grande personalidade humana de São José: em nenhum momento nos aparece como um homem diminuído ou assustado perante a vida; pelo contrário, sabe enfrentar-se com os problemas, superar as situações difíceis, assumir com responsabilidade e iniciativa os trabalhos que lhe são encomendados.

 

Não estou de acordo com a forma clássica de representar São José como um homem velho, apesar da boa intenção de se destacar a perpétua virgindade de Maria.

Eu imagino-o jovem, forte, talvez com alguns anos mais do que a Virgem, mas na pujança da vida e das forças humanas.

 

Para viver a virtude da castidade não é preciso ser-se velho ou carecer de vigor.

A castidade nasce do amor; a força e a alegria da juventude não constituem obstáculo para um amor limpo.

Jovem era o coração e o corpo de São José quando contraiu matrimónio com Maria, quando conheceu o mistério da sua Maternidade Divina, quando vivei junto d'Ela respeitando a integridade que Deus lhe queria oferecer ao mundo como mais um sinal da sua vinda às criaturas.

Quem não for capaz de compreender um amor assim conhece muito mal o verdadeiro amor e desconhece por completo o sentido cristão da castidade.

 

Como dizíamos, José era artesão da Galileia, um homem como tantos outros.

E que pode esperar da vida um habitante de uma aldeia perdida, como era Nazaré?

Apenas trabalho, todos os dias, sempre com o mesmo esforço.

E, no fim da jornada, uma casa pobre e pequena, para recuperar as forças e recomeçar o trabalho no dia seguinte.

 

Mas o nome de José significa em hebreu “Deus acrescentará”.

Deus dá à vida santa dos que cumprem a sua vontade dimensões insuspeitadas, o que a torna importante, o que dá valor a todas as coisas, o que a torna divina.

Á vida humilde e santa de São José, Deus acrescentou - se me é permitido falar assim - a vida da Virgem Maria e a de Jesus Nosso Senhor.

Deus nunca se deixa vencer em generosidade. José podia fazer suas as palavras que pronunciou Santa Maria, sua Esposa: «Quia fecit mihi magna qui potens est», fez em mim grandes coisas Aquele que é todo poderoso «quia respexit humilitatem», porque pôs o seu olhar na minha pequenez.

 

José era efectivamente um homem corrente, em quem Deus confiou para realizar coisas grandes.

Soube viver exactamente como o Senhor queria todos e cada um dos acontecimentos que compuseram a sua vida.

Por isso, a Sagrada Escritura louva José, afirmando que era justo.

E, na língua hebreia, justo quer dizer piedoso, servidor irrepreensível de Deus, cumpridor da vontade divina; outras vezes significa bom e caritativo para com o próximo.

 

Numa palavra, o justo é o que ama a Deus e demonstra esse amor, cumprindo os seus mandamentos e orientando toda a sua vida para o serviço dos seus irmãos, os homens.

 

 

 

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