21/09/2020

Leitura espiritual Setembro 21


Cartas de São Paulo

2.ª Tessalonicenses - 5

Saudação –
1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, nossa esperança, 2 a Timóteo, verdadeiro filho na fé: graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, Nosso Senhor.

As falsas doutrinas –
3 Quando parti para a Macedónia, recomendei-te que ficasses em Éfeso, para dissuadir alguns de ensinarem doutrinas estranhas 4 e de se ocuparem de fábulas ou de genealogias intermináveis, que favorecem mais as discussões do que o desígnio de Deus que se realiza na fé. 5 O objectivo desta recomendação é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera. 6 Por se terem afastado desta linha, alguns perderam-se em discursos vãos. 7 Pretendendo serem mestres da lei, não sabem nem o que dizem, nem o que afirmam com tanta segurança. 8 Mas nós sabemos que a lei é boa, contanto que dela se faça um uso legítimo 9 e tendo em conta que a lei não foi feita para o justo, mas para os maus e rebeldes, para os ímpios e pecadores, para os sacrílegos e profanadores, para os parricidas e matricidas, homicidas, 10 impudicos, pederastas, traficantes de escravos, mentirosos, perjuros, e tudo aquilo que está em contradição com a sã doutrina, 11 segundo o Evangelho da glória do Deus bem-aventurado, que me foi confiado.

Acção de graças –
12 Dou graças àquele que me confortou, Cristo Jesus Nosso Senhor, por me ter considerado digno de confiança, pondo-me ao seu serviço, 13 a mim que antes fora blasfemo, perseguidor e violento. Mas alcancei misericórdia, porque agi por ignorância, sem ter fé ainda. 14 E a graça de Nosso Senhor manifestou-se em mim com superabundância, juntamente com a fé e o amor que está em Cristo Jesus. 15 Eis uma palavra digna de fé e de toda a aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o primeiro. 16 E justamente por isso alcancei misericórdia, para que, em mim primeiramente, Cristo Jesus mostrasse toda a sua magnanimidade, como exemplo para aqueles que haviam de crer nele para a vida eterna. 17 Ao rei dos séculos, ao Deus incorruptível, invisível e único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Ámen. 18 Esta é a recomendação que te confio, meu filho Timóteo, de acordo com o que predisseram algumas profecias a teu respeito: apoiado nelas, combate o bom combate, 19 conservando a fé e a boa consciência. Alguns, que as rejeitaram, naufragaram na sua fé, 20 como aconteceu com Himeneu e Alexandre, que entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar.



Amigos de Deus
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Nunca faltaram os hereges - mesmo na época apostólica - que pretenderam arrancar a esperança aos cristãos.
Se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como dizem alguns de entre vós que não há ressurreição dos mortos?
Pois, se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é pois vã a nossa pregação, e é também vã a nossa fé....”
A divindade do nosso caminho - Jesus, caminho, verdade e vida - é penhor seguro de que leva à felicidade eterna, se não nos afastarmos dEle.

Como será maravilhoso quando o nosso Pai nos disser: «servo bom e fiel, porque foste fiel nas coisas pequenas, eu te confiarei as grandes: entra no gozo do teu Senhor»!
Esperançados!
Esse é o prodígio da alma contemplativa.
Vivemos de Fé, de Esperança e de Amor; e a Esperança torna-nos poderosos.
Recordais-vos de São João? “Eu vos escrevo, jovens, porque sois valentes e a palavra de Deus permanece em vós e vencestes o maligno.
Deus urge-nos, para a juventude eterna da Igreja e de toda a humanidade. Podeis transformar em divino todo o humano, como o rei Midas convertia em ouro tudo o que tocava!

Nunca esqueçais que depois da morte vos receberá o Amor.
E no amor de Deus encontrareis, além do mais, todos os amores limpos que tenhais tido na terra.
O Senhor dispôs que passemos esta breve jornada da nossa existência, trabalhando e, como o seu Unigénito, fazendo o bem.
Entretanto, temos de estar alerta, à escuta daquelas chamadas que Santo Inácio de Antioquia notava na sua alma, ao aproximar-se a hora do martírio: vem para junto do Pai, vem para o teu Pai que te espera ansioso.

Peçamos a Santa Maria, Spes nostra, que nos inflame no santo empenho de habitarmos todos juntos na casa do Pai.
Nada nos poderá preocupar, se decidirmos firmar o coração no desejo da verdadeira Pátria: O Senhor nos conduzirá com a sua graça e impelirá a barca com bom vento para tão claras margens.

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Misturado com a multidão, um daqueles peritos que já não conseguiam discernir os ensinamentos revelados a Moisés, ensinamentos emaranhados por eles próprios numa casuística estéril, faz uma pergunta ao Senhor.
Abre Jesus os Seus lábios divinos para falar àquele doutor da Lei e responde-lhe pausadamente, com a firme certeza de quem tem disso viva experiência: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu espírito. Este é o maior e o primeiro dos mandamentos. O segundo é semelhante a este: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Nestes dois mandamentos estão contidos toda a Lei e os profetas».

Vede agora o mestre reunido com os Seus discípulos na intimidade do Cenáculo.
Ao aproximar-se o momento da Sua Paixão, o Coração de Cristo, rodeado por aqueles que ama, abre-se em inefáveis labaredas: «Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros e que, do mesmo modo que eu vos amei, vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros».

Para vos aproximardes do Senhor através das páginas do Santo Evangelho, recomendo sempre que vos esforceis por participar em cada cena como um personagem mais.
Assim - conheço tantas almas normais e correntes que o fazem! - recolher-vos-eis como Maria, suspensa das palavras de Jesus, ou, como Marta, atrever-vos-eis a manifestar-Lhe sinceramente as vossas inquietações, mesmo as mais pequenas.

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Senhor, porque chamas “novo” a este mandamento?
Como acabamos de ouvir, o amor ao próximo estava prescrito no Antigo Testamento e recordareis também que Jesus, mal começa a Sua vida pública, amplia essa exigência com divina generosidade: «Ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu peço-vos mais: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem e orai pelos que vos perseguem e caluniam».

Senhor, deixa-nos insistir: Porque continuas a chamar “novo” a este preceito?
Naquela noite, poucas horas antes de Te imolares na Cruz, durante aquela conversa íntima com os que - apesar das suas fraquezas e misérias pessoais, como as nossas - Te acompanharam até Jerusalém.
Tu revelaste-nos a medida insuspeitada da caridade: «Como eu vos amei».
Como não haviam de te entender os Apóstolos, se tinham sido testemunhas do Teu amor insondável!

O ensinamento e o exemplo do Mestre são claros e precisos.
Sublinhou com obras a Sua doutrina.
E, no entanto, tenho pensado muitas vezes que, passados vinte séculos, ainda continua a ser um mandamento novo, porque muito poucos homens se têm preocupado em levá-lo à prática; os restantes, a maioria, preferiram e preferem desconhecê-lo.
Com um egoísmo exacerbado, perguntam: Para quê mais complicações? Já me bastam as que tenho com as minhas coisas.

Não é admissível semelhante atitude entre os cristãos.
Se professamos essa mesma fé, se ambicionamos verdadeiramente seguir as pegadas, tão nítidas, que os passos de Cristo deixaram na terra, não podemos conformar-nos com evitar aos outros os males que não desejamos para nós mesmos.
Isto é muito, mas é muito pouco, quando compreendemos que a medida do nosso amor é definida pelo comportamento de Jesus.
Além disso, Ele não nos propõe essa norma de conduta como uma meta longínqua, como o coroamento de toda uma vida de luta.
É - e insisto que deve sê-lo para que o traduzas em propósitos concretos - o ponto de partida, porque Nosso Senhor o indica como sinal prévio: «Nisto conhecerão que sois Meus discípulos».

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Jesus Cristo, Nosso Senhor, encarnou e tomou a nossa natureza, para Se mostrar à humanidade como modelo de todas as virtudes. Aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração, convida-nos Ele.

Mais tarde, quando explica aos Apóstolos o sinal pelo qual os reconhecerão como cristãos, não diz: Porque sois humildes.
Ele é a pureza mais sublime, o Cordeiro Imaculado.
Nada podia manchar a Sua santidade perfeita, sem mácula.
Mas também não diz: Saberão que se encontram diante de discípulos meus, porque sois castos e limpos.

Passou por este mundo com o mais completo desprendimento dos bens da terra. Sendo Criador e Senhor de todo o universo, faltava-Lhe até um sítio onde pudesse reclinar a cabeça.
No entanto, não comenta: Saberão que sois dos meus porque não vos apegastes às riquezas.
Permanece quarenta dias e quarenta noites no deserto em jejum rigoroso, antes de se dedicar à pregação do Evangelho.
E também não afirma aos Seus: Compreenderão que servis a Deus, porque não sois comilões nem bebedores.

A característica que distinguirá os apóstolos, os cristãos autênticos de todos os tempos, já a ouvimos: nisto - precisamente nisto - conhecerão todos que sois meus discípulos: «Se vos amardes uns aos outros».

Parece-me perfeitamente lógico que os filhos de Deus se tenham sentido sempre comovidos - como tu e eu neste momento - perante essa insistência do Mestre.
O Senhor não estabelece como prova de fidelidade dos Seus discípulos os prodígios ou os milagres inauditos, apesar de lhes ter conferido o poder de os realizarem, pelo Espírito Santo.
O que lhes comunica?
«Conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros».


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