06/08/2020

Virtudes 15


Humildade 8
Humildade do servo inútil

Nas iniciativas pastorais, nas paróquias, nas associações de beneficência, nos projectos de ajuda aos imigrantes, as soluções aos problemas muitas vezes não são evidentes, ou simplesmente existem diferentes modos de resolvê-los. A atitude humilde leva-nos a manifestar a própria opinião, a perguntar oportunamente se algum assunto está menos claro, e a aceitar até uma orientação diferente da que temos, confiando em que a graça de Deus assiste a quem exerce a sua função com rectidão de intenção e conta com a ajuda de peritos na matéria.


É pouco sabido que a Igreja católica, na sua valiosa humildade colectiva, é a instituição que dá vida a mais iniciativas de ajuda a pobres e doentes, em todo o mundo. Justamente no povo de Deus, onde convivem o humano e o divino, a humildade é especialmente necessária. Que bonito é desejar ser o envelope que se deita fora quando a carta é lida, ou a agulha que deixa a linha cosida e desaparece, após ter cumprido a sua missão! O Senhor convida-nos a dizer: «Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer» (Lc 17, 10). Assim, o sacerdote terá a humildade de aprender a não estar na moda ((São Josemaria, Temas actuais do cristianismo, 59), não procurar estar sempre à frente, na vanguarda de tudo; a rejeitar o protagonismo de modo quase instintivo, porque costuma ir associado à mentalidade de proprietário das almas. Por sua vez, o fiel leigo, se for humilde, respeita os ministros do culto pelo que representam: não critica o seu pároco ou os sacerdotes em geral, mas ajuda-os discretamente. Os filhos de Noé cobriram a nudez do seu pai embriagado (cf. Gen 9, 23). Como os filhos bons de Noé, cobre com o manto da caridade as misérias que vires no teu pai, o Sacerdote ((São Josemaria, Caminho, 75). São Tomás Moro aplicava este relato até ao Romano Pontífice, por quem o povo cristão deveria ter rezado... em vez de o perseguir! (Cf. S. Tomás Moro, Responsio ad Lutherum, em The Yale Edition of The Complete Works of St Thomas More, vol. 5, p. 142 (CW5, 142/1-4)

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