Assumpta est Maria, in
coelum, gaudent angeli. Maria foi levada por Deus, em
corpo e alma, para os Céus. Há alegria entre os anjos e os homens. Qual a razão
desta satisfação íntima que descobrimos hoje, com o coração que parece querer
saltar dentro do peito e a alma cheia de paz?. Celebramos a glorificação da
nossa Mãe e é natural que nós, seus filhos, sintamos um júbilo especial ao ver
como é honrada pela Trindade Beatíssima.
Cristo, seu Filho
Santíssimo, nosso irmão, deu-no-la por Mãe no Calvário, quando disse a S. João:
eis aqui a tua Mãe. E nós recebêmo-la, com o discípulo amado, naquele momento
de imenso desconsolo. Santa Maria acolheu-nos na dor, quando se cumpriu a
antiga profecia: e uma espada trespassará a tua alma. Todos somos seus filhos;
ela é Mãe de toda a Humanidade. E agora, a Humanidade comemora a sua inefável
Assunção: Maria sobe aos céus, Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho, Esposa de
Deus Espírito Santo. Mais do que Ela, só Deus.
O mistério do amor
Mistério de amor é este. A
razão humana não consegue compreendê-lo. Só a fé pode explicar como é que uma
criatura foi elevada a tão grande dignidade, até se tornar o centro amoroso em
que convergem as complacências da Trindade. Sabemos que é um segredo divino.
Mas, por se tratar da nossa Mãe, sentimo-nos capazes de o compreender melhor -
se é possível falar assim - do que outras verdades da fé.
Como nos teríamos comportado
se tivéssemos podido escolher a nossa mãe? Julgo que teríamos escolhido a que
temos, enchendo-a de todas as graças. Foi o que Cristo fez, pois sendo
Omnipotente, Sapientíssimo e o próprio Amor, seu poder realizou todo o seu
querer.
Vede como os cristãos
descobriram, há já bastante tempo, este raciocínio: convinha - escreve S. João
Damasceno - que aquela que no parto. tinha conservado íntegra a sua virgindade,
conservasse depois da morte o seu corpo sem corrupção alguma.. Convinha que
aquela que tinha trazido no seu seio o Criador feito menino, habitasse na
morada divina.. Convinha que a Esposa de Deus entrasse na casa celestial.
Convinha que aquela que tinha visto o seu Filho na Cruz, recebendo assim no seu
coração a dor de que tinha sido isenta no parto, o contemplasse sentado à
direita do Pai. Convinha que a Mãe de Deus possuísse o que corresponde a seu
Filho, e que fosse honrada como Mãe e Escrava de Deus por todas as criaturas.
Os teólogos formularam com
frequência um argumento semelhante, tentando compreender de algum modo o
significado desse cúmulo de graças de que Maria se encontra revestida, e que
culmina com a Assunção aos Céus. Dizem. convinha; Deus podia fazê-lo; e por
isso o fez. É a explicação mais clara das razões que levaram Cristo a conceder
a sua Mãe todos os privilégios, desde o primeiro instante da sua Imaculada
Conceição. Ficou livre do poder de Satanás; é formosa - tota pulchra! - limpa,
pura na alma e no corpo. (Homilia pronunciada no dia 15 de Agosto de
1961, Festa da Assunção de Nossa Senhora. Cristo
que passa,171)
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