Sem por isso ser
considerado ingénuo, o cristão tem boa disposição habitual para tudo o que vier
do próximo, pois realmente cada pessoa vale, cada pessoa conta; cada forma de
inteligência, quer seja especulativa, quer venha do coração, ilumina. A consciência
da dignidade dos outros evita cair na indiferença que humilha (Papa Francisco,
Bula Misericordiae Vultus (11-IV-2015), 15). O cristão, por vocação, está virado para os outros:
manifesta-se a eles sem preocupações excessivas por cair no ridículo ou ficar
mal visto. Há pessoas que provocam intimidação, por serem tímidas, em vez de
comunicarem luz e calor: pensam demasiado em si mesmas, no que hão-de dizer os
outros, talvez por um excessivo sentido de honra, da própria imagem, que
poderia encobrir orgulho ou falta de simplicidade.
Polarizar a atenção
sobre si mesmo, expressar repetidamente desejos excessivamente concretos e
singulares, enfatizar problemas de saúde mais ou menos comuns; ou, pelo
contrário, esconder de modo exagerado uma doença que os outros poderiam
conhecer para ajudar-nos melhor, com a sua oração e o seu apoio: tudo isto são
atitudes que precisam provavelmente de uma purificação. A humildade
manifesta-se também numa certa flexibilidade, num esforço por comunicar o que
vemos ou sentimos. Tu não podes ser mortificado se és susceptível, se só
vives os teus egoísmos, se dominas os outros, se não sabes privar-te do
supérfluo e, por vezes, até do necessário e, enfim, se te entristeces quando as
coisas não correm como tu tinhas previsto. Serás, pelo contrário, mortificado
se souberes fazer-te tudo para todos para salvar a todos. (1 Cor 9, 22). (São Josemaria,
Cristo que passa, 9).
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