Jesus nasceu numa gruta em
Belém, diz a Escritura, "porque não havia lugar para eles na
estalagem". Não me afasto da verdade teológica, se te disser que Jesus
ainda está à procura de pousada no teu coração. (Forja, 274)
Não me afasto da mais
rigorosa verdade se vos digo que Jesus continua agora a buscar pousada no nosso
coração. Temos de Lhe pedir perdão pela nossa cegueira pessoal, pela nossa
ingratidão. Temos de Lhe pedir a graça de nunca mais Lhe fechar a porta das
nossas almas.
O Senhor não nos oculta que
a obediência rendida à vontade de Deus exige renúncia e entrega porque o amor
não pede direitos: quer servir. Ele percorreu primeiro o caminho. Jesus, como
obedecestes Tu? Usque ad mortem, mortem
autem crucis, até à morte e morte de Cruz. É preciso sair de nós mesmos,
complicar a vida, perdê-la por amor de Deus e das almas... Tu querias viver e
que nada te acontecesse; mas Deus quis outra coisa... Existem duas vontades: a
tua vontade deve ser corrigida para se identificar com a vontade de Deus, e não
torcida a de Deus para se acomodar à tua.
Com alegria, tenho visto
muitas almas que jogaram a vida – como Tu, Senhor, "usque ad mortem"! – para cumprir o que a vontade de Deus lhes
pedia, dedicando os seus esforços e o seu trabalho profissional ao serviço da
Igreja, pelo bem de todos os homens.
Aprendamos a obedecer,
aprendamos a servir. Não há maior fidalguia do que entregar-se voluntariamente
ao serviço dos outros. Quando sentimos o orgulho que referve dentro de nós, a
soberba que nos leva a pensar que somos super-homens, é o momento de dizer que
não, de dizer que o nosso único triunfo há-de ser o da humildade. Assim nos
identificaremos com Cristo na Cruz, não aborrecidos ou inquietos, nem com mau
humor, mas alegres, porque essa alegria, o esquecimento de nós mesmos, é a
melhor prova de amor. (Cristo que passa, 19)
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