Penas? Contradições por aquele acontecimento ou outro qualquer?...
Não vês que é o que o teu Pai-Deus que o quer..., e Ele é bom..., e Ele ama-te
– a ti só! – mais que todas as mães do mundo juntas podem amar os seus filhos?
(Forja, 929)
Mas não esqueçamos que estar com Jesus é seguramente encontrar-se
com a sua Cruz. Quando nos abandonamos nas mãos de Deus, é frequente que Ele
permita que saboreemos a dor, a solidão, as contradições, as calúnias, as
difamações, os escárnios, por dentro e por fora: porque quer conformar-nos à
Sua imagem e semelhança e permite também que nos chamem loucos e que nos tomem
por néscios.
É a altura de amar a mortificação passiva que vem – oculta, ou
descarada e insolente – quando não a esperamos. Chegam a ferir as ovelhas com
as pedras que deviam atirar-se aos lobos: quem segue Cristo experimenta na
própria carne que aqueles que o deviam amar se comportam com ele de uma maneira
que vai da desconfiança à hostilidade, da suspeita ao ódio. Olham-no com
receio, como um mentiroso, porque não acreditam que possa haver relação pessoal
com Deus, vida interior; em contrapartida, com o ateu e com o indiferente,
geralmente rebeldes e desavergonhados, desfazem-se em amabilidades e
compreensão.
E talvez Nosso Senhor permita que o Seu discípulo se veja atacado
com a arma, que nunca é honrosa para aquele que a empunha, das injúrias
pessoais; com lugares comuns, fruto tendencioso e delituoso de uma propaganda
massificada e mentirosa... Porque o bom gosto e a cortesia não são coisas muito
comuns.
Assim vai Jesus esculpindo as almas dos Seus, sem deixar de lhes
dar interiormente serenidade e alegria, porque eles entendem muito bem que –
com cem mentiras juntas – os demónios não são capazes de fazer uma verdade: e
grava nas suas vidas a convicção de que só se sentirão bem quando renunciarem à
comodidade. (Amigos de Deus, 301)
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