Não ponhas o coração em nada caduco: imita Cristo,
que se fez pobre por nós e não tinha onde reclinar a cabeça. Pede-lhe que te
conceda, no meio do mundo, um desprendimento efectivo, sem atenuantes. (Forja, 523)
Somos homens da rua, cristãos correntes, metidos na
corrente circulatória da sociedade e o Senhor quer-nos santos, apostólicos,
precisamente no nosso trabalho profissional, isto é, santificando-nos nesse
trabalho, santificando esse trabalho e ajudando os outros a santificarem-se com
esse trabalho. Convencei-vos de que Deus vos espera nesse ambiente, com
solicitude de Pai, de Amigo. Pensai que com a vossa actividade profissional
realizada com responsabilidade, além de vos sustentardes economicamente,
prestais um serviço directíssimo ao desenvolvimento da sociedade, aliviais as
cargas dos outros e ajudais a manter muitas obras assistenciais – a nível local
e universal – em prol dos indivíduos e dos povos mais desfavorecidos.
Ao comportarmo-nos com normalidade – como os nossos
semelhantes – e com sentido sobrenatural, não fazemos mais que seguir o exemplo
de Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Reparai que toda a sua vida está
cheia de naturalidade. Passa trinta anos oculto, sem chamar a atenção, como
qualquer outro trabalhador e conhecem-no na sua aldeia como o filho do
carpinteiro. Ao longo da sua vida pública, também não se nota nada que destoe,
que pareça estranho ou excêntrico. Rodeava-se de amigos, como qualquer dos seus
concidadãos, e no seu porte não se diferenciava deles. De tal maneira que
Judas, para o denunciar, precisa de combinar um sinal: aquele a quem eu beijar,
é esse. Não havia em Jesus nenhum indício extravagante. A mim, emociona-me esta
norma de conduta do nosso Mestre, que passa como mais um entre os homens. (Amigos de Deus, nn. 120–121)
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