(Cfr. Lc 8, 49-56)
Efectivamente a
nossa salvação é, em si mesma um milagre já que ela acontece, não por nosso
mérito, que não temos, mas unicamente pela soberana Vontade de Deus.
Isto leva-nos a
pensar na magnificência da misericórdia divina.
De facto, ao
tomarmos consciência do pouco que somos, espanta-nos que o Criador e Senhor
de todas as coisas queira “gastar tempo” connosco, mesmo considerando que, Ele,
nos quer como filhos.
E não é só o
cuidado e o carinho das coisas pequenas que se passam no íntimo do nosso
coração, mas até aquelas grandes manifestações do poder e da bondade do Senhor.
E, no entanto, é
verdade!
Como um Pai
carinhoso Ele está sempre disponível para atender os nossos pedidos e, mesmo
quando os não fazemos expressamente, dá-se conta das nossas necessidades mais
humanas como a necessidade do alimento.
Pela segunda vez,
assistimos a um milagre extraordinário de Jesus.
Não sei se as curas dos numerosos
doentes: leprosos, surdos e mudos, paralíticos... têm a mesma dimensão de
"espectáculo" que estes da multiplicação dos pães e dos peixes.
Enquanto aqueles
pareciam uma resposta imediata da misericórdia do coração amantíssimo do Senhor
para com os desgraçados, ou mais desfavorecidos, como que se fosse uma
impossibilidade, da parte do Mestre, de contemplar a desgraça humana sem
intervir de imediato, estes talvez dêem o real significado dessa mesma
misericórdia do Senhor para com os homens.
Desta forma se
evidencia que as preocupações de Deus a nosso respeito vão bastante mais além
da misericórdia ou simpatia pela desgraça, vão efectivamente, até ao pormenor
da subsistência concreta.
Ao contemplarmos
tantos cenários de miséria, desconforto, escassez e pobreza tão grandes,
algumas vezes podemos ser levados a interrogar-nos sobre a atitude de Deus a
este respeito:
‘Mas onde estás Tu,
Senhor’?
É muito difícil
para o comum ser humano, para nós, portanto, entender bem estas coisas, pois
somos sempre levados a pensar que, o nosso Criador e Senhor, deveria estar sempre disposto a tratar dos Seus
filhos de tal forma que, estas carências e misérias, fossem imediatamente
sanadas.
Assim, como que uma
espécie de acto mágico, que com uma simples evocação, pudesse resolver todos
esses casos difíceis ou extremos.
O que acontece
realmente, está bem patente no trecho do Evangelho que acabámos de ler e, ao
deter-nos um pouco na sua apreciação cuidada, descobriremos a forma concreta
como Deus actua no homem.
Respeitando a nossa
liberdade de forma total, porque é infinitamente justo, Deus não intervém de
forma, diria, unilateral, na solução dos problemas dos seus filhos.
Para o fazer, e
fá-lo sempre, exige uma participação nossa, por mínima que possa ser.
(AMA, reflexões).
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