(Cfr. Lc 8, 49-56)
Viver e testemunhar o amor
experimentado
Quem
aceita o amor de Deus interiormente fica plasmado por ele. O amor de Deus
experimentado é vivido pelo homem como uma «chamada» a que tem que responder. O
olhar dirigido ao Senhor, que «tomou nossas fraquezas e carregou nossas
enfermidades» [1],
ajuda-nos a prestar mais atenção no sofrimento e na necessidade dos demais. A
contemplação, na adoração, do Lado Trespassado da lança sensibiliza-nos frente
à vontade salvífica de Deus. Torna-nos capazes de confiar no Seu amor salvífico
e misericordioso e, ao mesmo tempo, reforça-nos no desejo de participar na Sua
obra de salvação, convertendo-nos em Seus instrumentos.
Os
dons recebidos do Lado Aberto, do qual saíram «sangue e água» [2],
fazem que a nossa vida se converta também para os outros em manancial do qual
emanam «rios de água viva». [3] A
experiência do amor surgida do culto do Lado Trespassado do Redentor tutela-nos
ante o risco de nos prendermos em nós mesmos e torna-nos mais disponíveis para
uma vida para os outros.
«Nisto
conhecemos o que é o amor: em que Ele deu a Sua vida por nós. Também nós
devemos dar a vida pelos irmãos» [4].
A
resposta ao Mandamento do Amor torna-se possível só com a experiência de que
este Amor já nos foi dado antes por Deus [5].
O culto do Amor que se torna visível no mistério da Cruz, representado em toda
a celebração eucarística, constitui, portanto, o fundamento para que possamos
converter-nos em instrumentos nas Mãos de Cristo: só assim podemos ser arautos
críveis do Seu Amor. Esta abertura à vontade de Deus, contudo, deve renovar-se
em todo momento:
A
contemplação do «Lado Trespassado pela lança», na qual resplandece a vontade
infinita de salvação por parte de Deus, não pode ser considerada, portanto como
uma forma passageira de culto ou de devoção: a adoração do Amor de Deus, que
encontrou no símbolo do «Coração Trespassado» a sua expressão
histórico-devocional, continua sendo imprescindível para uma relação viva com
Deus [7].
Com o desejo de que
o quinquagésimo aniversário sirva para estimular em tantos corações uma
resposta cada vez mais fervorosa ao amor do Coração de Cristo, envio-lhe,
reverendíssimo padre, e a todos os religiosos da Companhia.» [8]
(AMA, reflexões).
[2]
Cfr. Jo19, 34
[3]
Jo 7, 34 - Cfr. encíclica «Deus caritas est», 7
[4]
I Jo 3, 16 - Cfr. encíclica «Haurietis aquas», 38
[7] Cfr. encíclica
«Haurietis aquas», 62
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