(Cfr. Lc 8, 49-56)
Chegam a casa de
Jairo.
«Ao chegarem a casa do príncipe da sinagoga,
vê o reboliço e a gente desfeita em prantos e alaridos; e, entrando,
disse-lhes: Porquê todo esse reboliço e esses prantos? A criança não morreu,
mas dorme. E riam-se dele.» [1]
A multidão não cabe
no pátio já de si cheio de serventes e vizinhos que, tendo sabido o que se
passava com a sua filha, se reuniam já há tempo, esperando o regresso de Jairo.
Alguns já teriam ouvido falar de Jesus, esse homem cuja fama corria pelas
cidades e aldeias com histórias de curas e feitos extraordinários. Talvez,
algum dos presentes, tivesse comido dos pães e dos peixes que o Senhor
multiplicara para uma enorme multidão. Podem ter sido alguns desses que recomendaram
ao pai aflito que procurasse o Rabi que tinha levado a cabo obra tão
prodigiosa. Consultados os chefes da sinagoga, estes terão contribuído para a
decisão de Jairo procurar Jesus.
Revelaram-se
pessoas de critério e atitude correctas, sem preconceitos nem falsas razões.
Alguém que faz o que Jesus fazia, não pode ser má pessoa nem alvo de
desconfiança.
Se todos os
responsáveis tivessem procedido assim?
Jesus tinha
ordenado a todos que esperassem no local do Seu encontro com a hemorroíssa. Aos
Seus discípulos mais próximos talvez tenha recomendado que orassem e que,
sobretudo, permanecessem junto da multidão tentando serenar os ânimos com
palavras de confiança e fé.
Agora, acompanhado unicamente
daqueles que tinha trazido consigo, entra no pátio.
A mãe, destroçada pelo desgosto,
aproxima-se do marido e interroga-o.
Jairo, brevemente, conta-lhe o que o
Mestre lhe dissera e garante-lhe e transmite-lhe a sua confiança.
Jesus, constatando
«o reboliço e a gente desfeita em prantos
e alaridos» no típico “choro” dos orientais quando morre alguém muito querido,
pergunta: «Porquê todo esse reboliço e
esses prantos?
Todos, à uma,
tentam confirmar o que acontecera: que a menina tinha morrido.
Interrogam Jesus:
‘Então, não enviámos emissários dar
a notícia? Porque perguntas o motivo do nosso choro e consternação?’
O Senhor não faz a
pergunta sem um motivo.
Nada faz sem um
objectivo concreto.
Neste caso, era
como se dissesse:
‘Parem com esse
choro e essas lamentações. Não vêm que estou aqui? Não sabeis que Eu posso
tudo?’
E ainda lhes diz: «A criança não morreu, mas dorme.»
Numa primeira
reacção, ficam atónitos. Como pode este homem afirmar tal coisa? Será, afinal,
um louco?
E, como era hábito
naquele tempo, os loucos são motivo de troça;
por isso «riam-se d'Ele.»
Jesus não espera mais, constata que
aquela gente não tem nem confiança nem fé. Prende com mais firmeza o braço de
Jairo e olha-o nos olhos.
Por entre as lágrimas o pobre pai
devolve-lhe o olhar, triste, mas confiante, como se dissesse: ‘Senhor, eu,
acredito’.
É tudo quanto Jesus
quer, que, pelo menos um, e, neste caso, o mais importante, o pai da menina,
acredite e confie nele.
Jesus é um homem de
multidões, sem dúvida, mas procura sempre o homem individual.
Quer-nos um a um na
intimidade.
O Seu Coração
procura sempre o coração de cada homem para nele instilar a Sua Graça,
moldando-o conforme convém à salvação de cada um.
Este coração de
carne, que é o nosso, com todos os defeitos e misérias, mas também, com as
virtudes e bons propósitos que, ao longo da vida, vamos formulando e realizando.
(AMA, reflexões).
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