08/01/2020

THALITA KUM 64


THALITA KUM 64 

(Cfr. Lc 8, 49-56)




O lógico é que, quem tem olhos… veja. Não precise, para ver, mais que luz, claridade e, aqui, bate o ponto: como é possível ver no escuro?
Como pode descortinar-se o quer que seja, permanecendo na comodidade - e cobardia - do ensimesmamento, da clausura em si mesmo, recusando-se sistematicamente a tomar conhecimento do que a Igreja legisla, o Papa esclarece, Jesus Cristo adverte?
Ninguém pode dizer que não sabe se não quer ver, se recusa, pelo menos, tomar conhecimento.

«Eu sou a luz do mundo; aquele que me seguir não andará nas trevas» [1]

Aparentemente, estamos perante uma dificuldade:

Para se ter luz é preciso seguir Cristo e, só seguindo Cristo se andará na Luz.
Parece difícil de resolver, mas não é. Trata-se apenas de uma norma de conduta, de vida. Fazer o bem ou fazer o mal, nada mais que isto.
Com efeito, o próprio Jesus nos dá esta mesma razão:

«É que todo aquele que pratica más acções odeia a Luz e não se aproxima da Luz, para não serem expostas a descoberto as suas obras. Quem pratica a verdade aproxima-se da Luz, para se tornar bem claro que as suas obras estão realizadas em Deus.» [2]

Quem se esconde e desvia da luz, quem procura as sombras, a escuridão, quer passar despercebido, não quer ser visto, notado. Deseja refugiar-se num anonimato sem rosto nem nome pelo qual possa ser reconhecido ou chamado.

Antes de mais, é conduzido pela cobardia.
Não quer assumir uma responsabilidade, ter uma posição inequívoca, o seu desejo é estar de bem com tudo e com todos, transigir, condescender, não ter critério próprio.
Vive como que metido numa carapaça pretendendo uma identidade que não é a sua.
No fundo, não se conhece ou, pior, recusa conhecer-se e foge da luta para o conseguir.

«Ó Deus que me conheces perfeitamente tal como sou, ajuda-me a conhecer-me a mim mesmo, para que possa combater com eficácia os enormes defeitos do meu carácter, em particular...
Chamaste-me Senhor, pelo meu nome e eu aqui estou: com as minhas misérias, as minhas debilidades, com palavras maiores que os actos, intenções mais vastas que as obras e desejos que ultrapassam a vontade. Porque não sou nada, não valho nada, não sei nada e não posso nada, entrego-me totalmente nas Tuas mãos para que, por intercessão de minha Mãe, Maria Santíssima, de São José, meu pai e senhor, do Anjo da minha Guarda e de São Josemaria, possa adquirir um espírito de luta perseverante.» [3]


(AMA, reflexões sobre o Evangelho, 2006)



[1] Jo 8, 12.
[2] Cfr. Jo 21.
[3] AMA, orações pessoais

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