2ª Carta de Pedro
O autor desta Carta
apresenta-se como «Simão Pedro, servo e Apóstolo de Jesus Cristo» (1,1) e
testemunha da Transfiguração de Jesus na montanha (1,16). Não obstante, é o
escrito do NT com menos garantias de autenticidade, apesar de Orígenes e São
Jerónimo o considerarem autêntico, assim como vários críticos actuais. Mas as
dificuldades são de peso. Concretamente: das 700 palavras da 2 Pe apenas umas
100 são comuns à 1 Pe; são raras as citações do AT, ao contrário da 1 Pe; as
Cartas paulinas já são consideradas como Escritura (3,15-16), o que pressupõe
uma época tardia.
Por outro lado, não há
inconveniente em pensar que um discípulo anónimo de Pedro, sob a inspiração do
Espírito Santo, quisesse transmitir uns ensinamentos em sintonia com os do
Apóstolo; ao utilizar o seu nome e a sua autoridade, não fazia mais do que
valer-se de um recurso frequente naquela época, a pseudonímia, com a consciência
de que as ideias desenvolvidas não eram pessoais, saídas da própria cabeça, mas
as do Apóstolo Pedro. Assim, o hipotético redactor da Carta não pretenderia
substituir Pedro, mas fazer justiça à autenticidade da mensagem.
DATA E LOCAL
Pressupondo a pseudonímia,
a Carta poderia ter sido escrita entre os anos 80-90, mas não já em pleno séc.
II, como foi proposto por alguns. O local da redacção é desconhecido; poderia
ser Roma.
DESTINATÁRIOS
Os destinatários não são
expressamente referidos; mas são cristãos que conhecem os escritos paulinos
(ver 3,13). Pela referência de 3,1 bem poderiam ser os da 1.ª Carta; a não ser
que esta alusão não passe de um estratagema para reforçar a possível
pseudonímia. Seja como for, a Carta tem um carácter universal.
O seu objectivo é
denunciar graves erros que ameaçavam a fé e os bons costumes, sobretudo a
negação da segunda vinda do Senhor (3,3-4).
DIVISÃO E CONTEÚDO
Podemos estruturar 2 Pe do
seguinte modo:
Saudação: 1,1-2;
I. Exortação à perseverança
na fé: 1,3-21;
II. Denúncia dos falsos
mestres: 2,1-22;
III. A segunda vinda do
Senhor: 3,1-16;
Conclusão: 3,17-18.
Os temas fundamentais
desta Carta são: a segunda vinda do Senhor (1,16), definida como misericordiosa
(3,4.8-10.15), mas que vai trazer uma mudança radical no cosmos; a lembrança da
Transfiguração (1,16-19); a inspiração das Escrituras (1,20-21; 3,14-16); a
importância do «conhecimento» religioso (1,2-8; 2,20; 3,1).
Tudo indica que esta Carta
é o desenvolvimento da Carta de Judas, sobretudo em 2,1-18; 3,1-13, onde
recolhe a temática de Jd 4-19. Por isso mesmo, seria mais tardia que esta. Nas
duas se combatem os falsos mestres.
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