(Cfr. Lc 8, 49-56)
Os discípulos agora, não sentem sono.
Estão bem despertos, talvez preocupados com a multidão que cerca Jesus num
turbilhão de pessoas de todas as condições sociais, homens, mulheres, jovens e
anciãos, gente humilde e de posses, letrados e ignorantes, sãos e doentes, que
quer aproximar-se, ouvir, tocar o Mestre.
A sua preocupação é protegê-lo, resguardá-lo e, talvez, também darem a
perceber que são os discípulos, os próximos, os íntimos.
Talvez haja algum orgulho, vaidade até. Afinal, são eles os confidentes de
Jesus…
‘Que são orgulho! Que justificada vaidade! Estar próximo de Jesus. Ser Seu
íntimo!’
«Muitos não entendem este desejo: Estar próximo de Cristo! É que têm de
Jesus uma visão como que esfumada pela distância em que O colocam.
Há como que um “respeito humano” muitas vezes disfarçado de falsa
discrição, que leva muitos a pensar: ‘Cada coisa no seu lugar, isto é: Jesus
Cristo na Igreja’, como se dissessem: ‘a minha esposa, os meus filhos… em
casa!’
Alguns têm por costume pôr no automóvel fotografias deles, desses entes
mais próximos e queridos. Dos motivos que os movem, talvez dois sejam os mais
comuns: para funcionarem como ‘despertador’ prevenindo excessos perigosos na
condução e como “última imagem” em caso de acidente grave. Mas, na verdade, só
quem traz no coração a imagem da pessoa querida consegue vê-la com nitidez.
Quem traz a fotografia no bolso, na carteira, no automóvel, só se lembra dela
quando, por acaso ou de propósito, a mira.
Para os outros, é apenas uma recordação que, de vez em quando, a memória
traz, envolta na bruma do passado mais ou menos recente.
(AMA,
reflexões sobre o Evangelho, 2006)
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