Filipos
era uma cidade situada ao norte da Grécia, que Filipe II da Macedónia, pai de
Alexandre Magno, agregou ao seu reino, dando-lhe o seu próprio nome. Antes,
chamava-se Krénides (ver Act 16,12). Paulo chegou a Filipos nos anos 49 ou 50,
com Timóteo, Silvano e Lucas. O mesmo Lucas, nos Actos (Act 16,1-40), faz a
narração do facto na primeira pessoa do plural, como um dos intervenientes
nele.
COMUNIDADE
Foi
em Filipos que começou a evangelização da Europa. Os judeus, sendo poucos, não
possuíam aí uma sinagoga, mas apenas um lugar de oração. Lídia, que Paulo
baptizou, fazia parte deste grupo. Formou-se aí uma pequena comunidade,
sobretudo de origem pagã (Act 16,11-40; 1 Ts 2,2). Esta comunidade sentia-se
particularmente unida a Paulo; dela recebera o Apóstolo dons (4,15; 2 Cor
11,8-9), não obstante insistir no trabalho gratuito (1 Cor 4,12; 9,15; 2 Cor
11,7-9; 1 Ts 2,9; 2 Ts 3,7-9). Quando soube que ele fora preso, em Éfeso ou em
Roma, organizou uma colecta e enviou-lhe Epafrodito para a entregar a Paulo.
Epafrodito, porém, caiu doente, o que causou preocupações em Filipos. Paulo,
logo que a doença o permitiu, reenviou-o a Filipos, com esta Carta (2,25-30).
DATA
E LOCAL
Esta
é, pois, com Cl e Flm, uma das Cartas do Cativeiro. Parece ter sido escrita em
Roma (Act 28,16.30-31); no entanto, poderá ter sido escrita num outro qualquer
cativeiro (2 Cor 11,23; ver 1 Cor 15,32; 2 Cor 1,8). «O pretório», de 1,13, não
prova que Paulo tenha escrito a Carta em Roma, pois esse termo designava também
a residência dos governadores romanos (Mt 27,27 nota; Mc 15,16; Jo 18,28-31
nota). O mesmo se diga da «casa de César» (4,22). O cativeiro pode, pois, ter
sido em Éfeso, onde passou dois anos (Act 19,8-10). Se foi escrita nesta
cidade, a Carta seria dos anos 56-57; se foi escrita na prisão de Roma, teria
sido nos primeiros meses de 63.
DIVISÃO
E CONTEÚDO
O
conteúdo da Carta é o seguinte:
Introdução:
1,1-11;
I.
Prisão de Paulo: 1,12-26;
II.
Deveres da comunidade: 1,27-2,18;
III.
Solicitude pela comunidade: 2,19-3,1;
IV.
O Apóstolo, modelo da comunidade: 3,2-4,1;
Conclusão:
4,2-23.
TEOLOGIA
Esta
Carta não tem um pensamento teológico organizado. No entanto, sobressaem
algumas doutrinas: a comunhão fraterna entre a comunidade e o Apóstolo. Apesar
de estar preso, Paulo vê nestes acontecimentos dramáticos uma fonte de
esperança para o anúncio do Evangelho.
Por
seu lado, os Filipenses deverão ser fiéis a Cristo perante os falsos mestres,
imitando Paulo (3,2-11). Para exortar os cristãos, o Apóstolo cita-lhes um hino
a Cristo, servo sofredor (Is 53), mas que Deus fez Senhor de toda a Criação
(2,6-11). Uma característica fundamental desta Carta é o tom afectuoso, que
perpassa todo o texto.
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