(Cfr. Lc 8, 49-56)
Voltamos ao
leproso.
Que manifestação de
fé, confiança absoluta no Senhor!
Uma confissão tão
simples, sem rodeios, sem muitas palavras não pode deixar de tocar no fundo do
Coração amantíssimo de Jesus. Ele olha para aquele homem, um destroço humano de
quem todos se afastam com repulsa e compadece-se de tal forma que faz algo tão
extraordinário, - que deve ter espantado tanto os circunstantes -, que o
evangelista achou que o deveria fazer constar:
Jesus não sente repulsa
por ninguém, por mais doente que o homem possa estar, por mais grave ou
horroroso que seja o mal que o afecta.
Pois se não há pior
mal que o pecado, nem nada mais horrível, e, Ele, nos acolhe, esquece, perdoa!
Jesus não nos
afasta nunca, somos nós que nos afastamos dele.
Há uma frase de
Jesus que nos deve tranquilizar a este respeito:
«Em verdade vos digo que aos filhos dos
homens serão perdoados todos os pecados e todas as blasfémias que proferirem».
[3]
Que afirmação
extraordinária, esta, de Jesus! Que entranhas de misericórdia!
Quem, entre os
homens, poderia alguma vez dizer tal coisa?
Nós que, muitas
vezes andamos carregados com uma lista de agravos, desconsiderações, atropelos;
que, pensamos, nos são feitos; a nossa dignidade ferida, a importância que nos
atribuímos desprezada, as qualidades, que julgamos possuir, ignoradas… não nos
lembrando, quase nunca, das vezes que fizemos juízos, pensámos o pior, avistámos
defeitos, erros, incongruências, coisas estranhas; os comentários, as
lucubrações, insinuando, levantando a dúvida, a suspeita…
Vamos, assim, pela
vida, muitas vezes, com uma postura de personagem ferida sem repararmos que, a
maior parte das vezes, o único ferimento que ostentamos está no nosso orgulho.
Jesus, não!
Perdoa tudo,
absolutamente, quando o homem, arrependido e contrito, se ajoelha aos Seus pés
e Lhe pede perdão.
Mas não só perdoa,
o que já seria muito, esquece e coloca-nos novamente ao pé de Si como se nunca
dali tivéssemos saído.
Como o pai do filho
pródigo, restitui-nos a posição, a dignidade e a liberdade: o anel no dedo, o
melhor vestido, as sandálias nos pés. E nós, pecadores miseráveis, vamos e
vimos, uma e outra vez, quase sempre pelos mesmos motivos, com as mesmas
faltas, numa repetição de erros, abandonos, fraquezas e, Ele, sempre á nossa
espera e mal nos avista ao longe «corre
ao nosso encontro a lançar-se ao nosso pescoço e a beijar-nos». [4]
(AMA,
reflexões sobre o Evangelho, 2006)
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