
Se transformarmos os
projectos temporais em metas absolutas, suprimindo do horizonte a morada eterna
e o fim para que fomos criados – amar e louvar o Senhor e possuí-lo depois no
Céu – os intentos mais brilhantes transformam-se em traições e inclusive em
instrumento para envilecer as criaturas. Recordai a sincera e famosa exclamação
de Santo Agostinho, que tinha experimentado tantas amarguras enquanto não
conhecia Deus e procurava fora d'Ele a felicidade: fizeste-nos, Senhor, para
Ti, e o nosso coração está inquieto enquanto não descansa em Ti!. (…)
A mim, e desejo que a vós
suceda o mesmo, a segurança de me sentir – de me saber – filho de Deus enche-me
de verdadeira esperança que, por ser virtude sobrenatural, ao ser infundida nas
criaturas, se acomoda à nossa natureza e é também virtude muito humana. Sou
feliz com a certeza do Céu que alcançaremos, se permanecermos fiéis até ao fim;
com a felicidade que nos chegará, quoniam
bonus, porque o meu Deus é bom e é infinita a sua misericórdia. Esta
convicção incita-me a compreender que só o que está marcado com o selo de Deus
revela o sinal indelével da eternidade e tem um valor imperecível. Por isso, a
esperança não me separa das coisas desta terra, antes me aproxima dessas
realidades de um modo novo, cristão, que procura descobrir em tudo a relação da
natureza, caída, com Deus Criador e com Deus Redentor. (Amigos de Deus,
208)
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