28
Com
uma cegueira originada pelo afastamento de Deus - este povo honra-Me com os
lábios, mas o seu coração está longe de Mim-, fabrica-se uma imagem da Igreja
que não tem a menor relação com a que Cristo fundou.
Até
o Santo Sacramento do Altar - a renovação do Sacrifício do Calvário - é
profanado, ou reduzido a um mero símbolo daquilo a que chamam a comunhão dos
homens entre si.
Que
seria das almas, se Nosso Senhor não se tivesse entregado por nós até à última
gota do Seu precioso Sangue!
Como
é possível que se despreze esse milagre perpétuo da presença real de Cristo no
Sacrário?
Ficou
para que vivamos intimamente com Ele, para que O adoremos, para que nos
decidamos a seguir as suas pegadas, como penhor da glória futura.
Estes
tempos são tempos de provação e temos de pedir a Nosso Senhor, com um clamor que
não cesse, que os abrevie, que olhe com misericórdia para a Sua Igreja e
conceda novamente luz sobrenatural às almas dos pastores e às de todos os
fiéis.
Não
há motivo algum que leve a Igreja a empenhar-se em agradar aos homens, porque
nunca os homens - nem sós, nem em comunidade - darão a salvação eterna: quem
salva é Deus.
29
Amor filial à Igreja
É
indispensável repetir hoje, em voz bem alta, aquelas palavras de S. Pedro
perante as pessoas importantes de Jerusalém:
Este Jesus é aquela pedra
que vós rejeitastes ao edificar e que veio para ser a pedra principal do
ângulo; fora d'Ele, não se pode procurar a salvação em mais ninguém, porque não
foi dado aos homens outro nome sob o céu, pelo qual possamos salvar-nos.
Assim
falava o primeiro Papa, a rocha sobre a qual Cristo edificou a Sua Igreja,
levado pela sua filial devoção a Nosso Senhor e pela sua solicitude para com o
pequeno rebanho que lhe tinha sido confiado. Com Pedro e com os outros
Apóstolos, os primeiros cristãos aprenderam a amar profundamente a Igreja.
Viram
já, em contrapartida, com que pouca piedade se fala agora, todos os dias, da
nossa Santa Madre Igreja?
Como
é consolador ler, nos Padres antigos, aqueles elogios abrasados de amor à
Igreja de Cristo!
Amemos o Senhor, Nosso Deus;
amemos a Sua Igreja, escreve Santo Agostinho.
A Ele como um pai; a Ela
como uma mãe.
Que ninguém diga:
"sim, ainda vou aos ídolos, consulto os possessos e os bruxos, mas não
deixo a Igreja de Deus, porque sou católico". Estais unidos à Mãe, mas
ofendeis o Pai.
Outro diz, pouco mais ou
menos assim: "Deus não o permita; não consulto os bruxos, nem interrogo os
possessos, não pratico adivinhações sacrílegas, não vou adorar os demónios, não
sirvo os deuses de pedra, mas sou do partido de Donato".
De que serve não ofender o
Pai se Ele vingará a Mãe a quem ofendeis?
E
S. Cipriano escrevia brevemente:
Não pode ter Deus como Pai, quem não tiver a
Igreja como Mãe.
Nestes
momentos, muitos negam-se a ouvir a verdadeira doutrina sobre a Santa Madre
Igreja.
Alguns
desejam reinventar a instituição, com a ideia louca de implantar no Corpo
Místico de Cristo uma democracia ao estilo daquela que se concebe na sociedade
civil, ou melhor dito, ao estilo da que se pretende promover: todos iguais em
tudo.
E
não se convencem de que a Igreja está constituída, por instituição divina, pelo
Papa, com os bispos, os presbíteros, os diáconos e os leigos. Foi assim que
Jesus a quis.
SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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