11
Esta
Igreja Católica é romana.
Eu
saboreio esta palavra: romana!
Sinto-me
romano, porque romano quer dizer universal, católico; porque me leva a amar
carinhosamente o Papa, il dolce Cristo in
terra, como gostava de repetir Santa Catarina de Sena, a quem tenho como
amiga amadíssima.
Desde
este centro católico romano - sublinhou Paulo VI no discurso de encerramento do
Concílio Vaticano II - ninguém é, em teoria, inalcançável; todos podem e devem
ser alcançados.
Para
a Igreja Católica ninguém é estranho, ninguém está excluído, ninguém se
considera afastado.
Venero
com todas as minhas forças a Roma de Pedro e de Paulo, banhada pelo sangue dos
mártires, centro donde tantos saíram para propagar por todo o mundo a palavra
salvadora de Cristo.
Ser
romano não implica nenhum particularismo, mas ecumenismo autêntico.
Representa
o desejo de dilatar o coração, de abri-lo a todos com as ânsias redentoras de
Cristo, que a todos procura e a todos acolhe, porque a todos amou primeiro.
Santo
Ambrósio escreveu umas breves palavras, que compõem uma espécie de cântico de
alegria: onde está Pedro, aí está a Igreja, e onde está a Igreja não reina a morte,
mas a vida eterna.
Porque
onde estão Pedro e a Igreja está Cristo, e Ele é a salvação, o único caminho.
12
A Igreja é Apostólica
Nosso
Senhor funda a sua Igreja sobre a debilidade - mas também sobre a fidelidade -
de alguns homens, os Apóstolos, aos quais promete a assistência constante do
Espírito Santo.
Leiamos
outra vez o texto conhecido, que é sempre novo e actual: Foi-me dado todo o
poder no céu e na terra.
Ide,
pois, ensinai todas as gentes, baptizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo, ensinando-as a observar todas as coisas que vos mandei, e eis
que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.
A
pregação do Evangelho não surge na Palestina pela iniciativa pessoal de umas
tantas pessoas fervorosas.
Que
podiam fazer os Apóstolos?
Não
valiam absolutamente nada no seu tempo; não eram ricos, nem cultos, nem heróis
do ponto de vista humano.
Jesus
lança sobre os ombros deste punhado de discípulos uma tarefa imensa, divina.
Não
fostes vós que me escolhesses, mas fui eu que vos escolhi a vós, e que vos
destinei para que vades e deis fruto, e para que o vosso fruto permaneça, a fim
de que tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.
Através
de dois mil anos de história, conserva-se na Igreja a sucessão apostólica.
Os
bispos, declara o Concilio de Trento, sucederam no lugar dos Apóstolos e estão
colocados, como diz o próprio Apóstolo (Paulo), pelo Espírito Santo para reger
a Igreja de Deus [i].
E,
entre os Apóstolos, o próprio Cristo tornou Simão objecto duma escolha
especial:
Tu
és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. Eu roguei por ti, também
acrescenta, para que a tua fé não pereça; e tu, uma vez convertido, confirma os
teus irmãos.
Pedro
muda-se para Roma e fixa ali a sede do primado, do Vigário de Cristo.
Por
isso, é em Roma onde melhor se adverte a sucessão apostólica, e por isso é
chamada a Sé apostólica por excelência.
Proclamou o Concilio Vaticano II, com palavras
de um Concilio anterior, o de Florença, que todos os fiéis de Cristo devem crer
que a Santa Sé Apostólica e o Romano Pontífice possuem o primado sobre todo o
orbe, e que o próprio Romano Pontífice é sucessor do bem-aventurado Pedro,
príncipe dos Apóstolos, verdadeiro vigário de Jesus Cristo, cabeça de toda a
Igreja e pai e mestre de todos os cristãos.
A
ele foi entregue por Nosso Senhor Jesus Cristo, na pessoa do bem-aventurado
Pedro, plena potestade de apascentar, reger e governar a Igreja universal.
13
A
suprema potestade do Romano Pontífice e a sua infalibilidade, quando fala ex cathedra, não são uma invenção
humana, pois baseiam-se na explícita vontade fundacional de Cristo.
Que
pouco sentido tem enfrentar o governo do Papa com o dos bispos, ou reduzir a
validade do Magistério pontifício ao consentimento dos fiéis!
Nada
mais alheio à Igreja do que o equilíbrio de poderes; não nos servem esquemas
humanos, por mais atractivos ou funcionais que sejam.
Ninguém
na Igreja goza por si mesmo de potestade absoluta, enquanto homem; na Igreja
não há outro chefe além de Cristo; e Cristo quis constituir um Vigário seu - o
Romano Pontífice - para a sua Esposa peregrina nesta terra.
A
Igreja é Apostólica por constituição: a que verdadeiramente é e se chama Católica,
deve ao mesmo tempo brilhar pela prerrogativa da unidade, santidade e sucessão
apostólica.
Assim,
a Igreja é Una, com unidade esclarecida e perfeita de toda a terra e de todas
as nações, com aquela unidade da qual é princípio, raiz e origem indefectível a
suprema autoridade e mais excelente primazia do bem-aventurado Pedro, príncipe
dos Apóstolos, e dos seus sucessores na cátedra romana.
E
não existe outra Igreja Católica, senão aquela que, edificada sobre o único
Pedro, se levanta pela unidade da fé e pela caridade num único corpo conexo e
compacto.
Contribuímos
para tornar mais evidente essa apostolicidade aos olhos de todos, manifestando
com requintada fidelidade a união com o Papa, que é união com Pedro.
O
amor ao Romano Pontífice há-de ser em nós uma formosa paixão, porque nele vemos
a Cristo.
Se
tivermos intimidade com o Senhor na nossa oração, caminharemos com um olhar
desanuviado que nos permitirá distinguir, mesmo nos acontecimentos que às vezes
não compreendemos ou que nos causam pranto ou dor, a acção do Espírito Santo.
SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
(cont)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.