1
Os
textos da liturgia deste Domingo formam uma cadeia de invocações ao Senhor.
Dizemos-Lhe
que é o nosso apoio, a nossa rocha, a nossa defesa.
A
oração recolhe também esse motivo do intróito:
Tu
nunca privas da tua luz aqueles que se estabelecem na solidez do teu amor
No
gradual, continuamos a recorrer a Ele:
nos
momentos de angústia invoquei-Te, Senhor... livra, ó Senhor, a minha alma dos
lábios mentirosos e das línguas que enganam.
Senhor
refugio-me em Ti.
É
comovente esta insistência de Deus, nosso Pai, empenhado em recordar-nos que
devemos apelar para a sua Misericórdia a todo o momento, aconteça o que
acontecer, e também agora, nestes tempos em que vozes confusas sulcam a Igreja;
são tempos de extravio porque muitas almas não encontram bons pastores, outros
Cristos, que as guiem para o amor do Senhor, mas, pelo contrário, ladrões e salteadores,
que vêm para roubar, matar e destruir.
Não
temamos.
A
Igreja, que é o Corpo de Cristo há-de ser indefectivelmente o caminho e o redil
do Bom Pastor, o fundamento robusto e a via aberta para todos os homens.
Acabamos
de ler o Santo Evangelho:
Vai até aos caminhos e os
cercados e anima os que encontrares a quem venham, para que se encha a minha
casa.
2
Mas,
o que é a Igreja?
Onde
está a Igreja?
Muitos
cristãos, aturdidos e desorientados, não recebem resposta segura a estas
perguntas, e chegam talvez a pensar que os ensinamentos que o Magistério
formulou através dos séculos - e que os bons Catecismos propunham com toda a
precisão e simplicidade - foram superados e hão-de ser substituídos por outros
novos.
Uma
série de factos e de dificuldades parece ter convergido, para ensombrar o rosto
límpido da Igreja.
Alguns
afirmam: a Igreja está aqui, no empenho de acomodar-nos ao que chamam tempos
modernos.
Outros
gritam: a Igreja não é mais do que a ânsia de solidariedade dos homens; devemos
modificá-la de acordo com as circunstâncias actuais.
Enganam-se.
A
Igreja, hoje, é a mesma que Cristo fundou, e não pode ser outra. Os Apóstolos e
os seus sucessores são vigários de Deus para o governo da Igreja, fundamentada
na fé e nos Sacramentos da fé.
E
assim como não lhes é lícito estabelecer outra Igreja, não podem também
transmitir outra nem instituir outros sacramentos, porque pelos Sacramentos que
jorraram do peito de Cristo pendente da Cruz é que foi construída a Igreja.
A
Igreja há-de ser reconhecida por aquelas quatro notas indicadas na confissão de
fé de um dos primeiros Concílios e que nós rezamos no Credo da Missa: uma única
Igreja, Santa, Católica e Apostólica.
Essas
são as propriedades essenciais da Igreja, que derivam da sua natureza, tal como
Cristo a quis.
E,
por serem essenciais, são também notas, sinais que a distinguem de qualquer
outro tipo de união humana, embora nelas se ouça também pronunciar o nome de
Cristo.
Há
pouco mais de um século, o Papa Pio IX resumiu brevemente este ensinamento
tradicional: a verdadeira Igreja de Cristo constituiu-se e reconhece-se, por
autoridade divina, pelas quatro notas que no Símbolo afirmamos deverem crer-se;
e cada uma dessas notas, de tal modo está unida às restantes, que não pode ser
separada das outras. Daí que aquela que verdadeiramente se chama Católica, deva
juntamente brilhar pela prerrogativa da unidade, da santidade e da sucessão
apostólica.
É
este, insisto, o ensinamento tradicional da Igreja, repetido novamente - embora
nestes últimos anos alguns o esqueçam, levados por um falso ecumenismo - pelo
Concílio Vaticano II:
esta
é a única Igreja de Cristo - que no Símbolo professamos Una, Santa, Católica e
Apostólica - a que o nosso Salvador, depois da ressurreição, entregou a Pedro
para que a apascentasse, encarregando-o a ele e aos outros Apóstolos de a
difundirem e de a governarem e que erigiu para sempre como coluna e fundamento
da verdade.
SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
(cont)
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