29/04/2019

Temas para reflectir e meditar.


Segue-me

Estava ali, sentado naquela cadeira de café.
Não é meu hábito mas, naquela tarde, estava um pouco cansado de uma caminhada pelas ruas da cidade e apeteceu-me descansar um pouco.

Ouvi distintamente alguém que dizia:

- Tu segue-me!

Que estranho! Uma frase que eu conheço perfeitamente e sobre a qual medito bastante:
Refiro-me ao “chamamento típico” de Jesus Cristo que os Evangelistas referem por várias vezes.

Fez-me confusão, confesso. Estarei a ouvir “coisas”? Estou tontinho?

Olhei em volta e as sete ou oito pessoas que estavam por ali sentadas continuaram a conversar normalmente.
Enfim… gente comum, uns três ou quatro homens, duas senhoras e três jovens “agarrados” aos telemóveis.
Pois… não podia ser…

Mas, de facto, tornei a ouvir talvez com um acento de insistência:
- Tu segue-me!

Bom… desta vez a coisa pareceu-me séria e tive de fazer um esforço para não me levantar imediatamente persignando-me.
Mas, sou teimoso, muito teimoso, e nada dado nem a “visões” nem a “audições” estranhas como vindas “do Além”.
Por isso resolvi “entrar no jogo” e perguntei em silêncio:

- Senhor, estás a falar comigo?

E ouvi:
- Claro que estou a falar contigo. Vem e segue-me!

Fiquei estarrecido!
O Senhor estava a falar comigo, sentado a uma mesa de café, numa rua qualquer da cidade onde vivo.
O esforço agora, para me comportar sem dar nas vistas, era tentar reter a torrente lágrimas que sentia impetuosa a vir-me aos olhos.
Deixei de ouvir os ruídos das conversas à minha volta, os barulhos do bulício normal de uma rua de cidade, dos automóveis, nada. Como se uma espécie de “bolha” invisível me tivesse encerrado isolando-me do mundo exterior.

Pensei:
‘O que faço agora?’

Ali perto há uma Igreja aberta ao público. Quase como um zombie levantei-me e fui até lá.
O Templo estava deserto pelo que me senti muito à vontade e comecei num monólogo íntimo, mas aceso e confiante.

‘Pronto, Senhor, não sabia onde ir, ou antes, onde querias que fosse para seguir-Te por isso vim aqui. Desculpa a minha ousadia e a minha pouca fé mas, se há mais alguma coisa…

E não acabei porque Ele, - tive então a certeza absoluta que era Ele – disse-me:

- Fizeste exactamente o que Eu queria.
Sabes: estou aqui neste Sacrário há mais de quatro horas e não aparece ninguém para me fazer um pouco de companhia, ou, sequer, para Me cumprimentar!
Que bom! Agora estás aqui e podemos passar uns bons momentos juntos.

Para mim já não havia quaisquer “barreiras” ou impedimentos de falsa vergonha e por isso comecei a falar como se tivesse de repente aberto as portas do meu coração, da minha alma, e deixasse vir cá para fora quanto guardava cioso da minha Fé e do meu Amor.
Sentia-me tão contente e feliz por ter merecido – sem merecimento – o convite do Senhor que nem sei quanto tempo ali estive, nem o que Lhe disse ou contei.
Nunca me interrompeu e eu fui falando, falando ininterruptamente até que uma senhora com alguma idade entrou na Igreja.

Nessa altura disse-me:

- Pronto! Gostei do nosso convívio, podes ir-te embora.
- Ah! E obrigado por Me teres seguido!

AMA, reflexões, 13.03.19

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