17/04/2019

Temas para reflectir e meditar

Sofrimento

Recorrentemente, há pessoas que me escrevem a contar suas desgraças. Contam que já não têm mais forças. Os motivos podem ter várias origens: umas sentem-se cada vez oprimidas pelas dívidas. Outras sofrem pelo facto de os filhos seguirem caminhos diferentes ou por terem sido afastados do caminho certo, devido à doença ou à depressão. Muitas asseguram que rezam constantemente, mas que, apesar de todas as orações, a situação simplesmente não melhora. Muitas vezes, estas pessoas perguntam-me se terão rezado de forma errada ou feito qualquer coisa mal, porque nada se altera. Isso indicia um entendimento muito peculiar da oração. Pensam que é apenas necessário rezar a Deus, rezar constante, para que Ele as ajude. E, quando não ajuda, duvidam Deus ou das suas orações. Acham que tiveram pouca fé e procuram então apoio junto de outros.
Certamente que é bom pedir também a outras pessoas que por nós. Mas, muitas vezes - segundo me parece - essa - oração está turvada com a ideia de um resultado, com a atitude ­interior de que... “Quanto mais eu rezar, maior é a obrigação de Deus em me ajudar.” Muitas vezes, as pessoas não encaram ­verdadeiramente os seus problemas. Pedem a Deus que resolva tudo. Mas não se esforçam por examinar e abordar os problemas livremente. E significaria colocar em questão o próprio conceito de vida. Isso conduziria à humildade. Apen­as a oração, em que eu apresento impiedosamente a Deus a verdade, poderá ajudar-me. Mas nem sempre ajuda no sentido de Deus retirar do meu caminho todas as pedras. Talvez ­me dê simplesmente a força para o suportar. A qualquer altura despontará em mim uma solução ou as circunstâncias exteriores alterar-se-ão, de modo a que, de repente, se revele um caminho por onde eu possa seguir.

(anselm grunA incompreensível existência de Deus, Paulinas, p. 74-75)

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