Há poucos dias passaram quatro anos que estive na
gruta onde São Paulo viveu durante a sua estadia - forçada por naufrágio - na
Ilha de Malta.
O ar que se respirava naquele ambiente era de uma solenidade
muito particular como se sentisse uma presença física que, todavia, não era
algo nem estranho nem espiritual.
Talvez fosse, antes, um sentimento de mistério inexplicável
de solene simplicidade.
A gruta, propriamente dita, não tem nenhum atractivo especial,
isto é, trata-se de uma “furna” escavada na rocha onde as únicas “presenças” físicas
são uma escultura em pedra do Apóstolo das Gentes e um genuflexório onde outro santo
– São João Paulo II – se terá ajoelhado em recolhimento interior durante uma
sua visita ao local.
Estas duas “presenças” não chocam a simplicidade do
local, antes conferem uma dimensão como que sobrenatural ao ambiente.
E deixei voar o pensamento – já de si recolhido – sobre
o que se terá passado nesses momentos tão particulares.
O Apóstolo moderno – do mundo de hoje – viajante incansável
que percorreu todo o mundo levando Cristo às gentes mais díspares e aos países
mais recônditos, falando incessantemente d’Ele a poucos assistentes ou em areópagos
imensos, a gente simples ou chefes de Nações e líderes mundiais, e o Apóstolo que
há dois mil anos levou o conhecimento de Cristo e propagando a Fé na Sua
Doutrina e na Sua Palavra por mundos desconhecidos e longínquos, viajando
também incessantemente por todos os meios possíveis, estabelecendo contactos,
criando grupos de fiéis, fundando igrejas, contactando infiéis ou descrentes, arrostrando com dificuldades em conta e ataques pessoais que nunca o apoquentaram
ou fizeram desistir e que, finalmente, declara iniludívelmente:
“Não sou eu quem vive mas Cristo que vive em mim”!
E, eu, testemunha emocionada, deixei-me levar por
todos estes pensamentos e senti-me – além de privilegiado – pequeno e sem
mérito, apóstolo incipiente e sem rasgos de determinação e entrega como Ele nos
disse – a todos – que fôssemos.
AMA, reflexão, Fev. de 2019
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