Deus
espera que nós procuremos ver todas as situações e em particular as difíceis,
com os olhos da fé.
Na
parábola dos talentos, Jesus diz-nos que não nos fechemos ao conhecimento de
Deus procedente da fé. e adverte-nos contra a preguiça com que usamos todos os
dons que Ele constantemente nos concede. Deixando aos Seus servidores dez
talentos, ao segundo cinco e ao terceiro um, o Senhor com fiou-lhes
responsabilidades e ainda lhes deu uma oportunidade para trabalharem.
A
palavra talento, que no tempo de Cristo equivalia a um certo valor monetário, [i] utiliza-se hoje em dia como um certo “valor” intelectual,
diz-se, por exemplo, de alguém que é u músico de talento, ou um matemático
talentoso, etc.
O
sentido da parábola dos talentos é, no entanto, muito mais profundo. O
pensamento evangélico comporta, por assim dizer, uma viragem de cento e oitenta
graus no nosso pensamento vulgar, puramente humano.
É o que acontece na
parábola dos talentos.
O
talento é um dom, uma matéria-prima, mas ao mesmo tempo, uma oportunidade. Ao entregar-te um determinado talento,
Cristo dá-te mostras de confiança, esperando que o ponhas a render.
Se
Ele te deu determinadas capacidades não Lhe é indiferente o uso que delas
faças. Se, no entanto, não as recebeste também isso é um talento.
Talento não é apenas algo que recebemos de
Deus, mas também pode ser a carência de alguma coisa.
A
boa saúde, por exemplo, é um talento mas à luz da fé, a falta dela também o é.
Em
ambas as situações, Jesus faz-te a mesma pergunta: ‘Que fazes com esse
talento’?
Com
efeito, tanto podemos desperdiçar a saúde, como – e mais ainda – a falta dela.
Porém,
tudo é dom, e todo o talento também é
dom.
Deus
está constantemente a conceder-nos dons.
Se,
por exemplo, julgas que não és capaz de rezar, isso também é um talento, ainda
que julgues tratar-se de uma infelicidade.
O
que conta é o modo como enfrentas as dificuldades que acompanham a tua oração.
É bem possível que tenhas enterrado esse talento dizendo para contigo: ‘Pois
bem já eu se é assim desisto de rezar’.
No
entanto, disso bem se poderia extrair que a incapacidade de orar deveria
aumentar em ti a fome de Deus e, por conseguinte, constituir para ti um meio de
santificação.
O
mesmo pode suceder, quando tenhas problemas em casa, quando haja qualquer
conflito familiar: são tantos outros talentos que o Senhor te oferece.
Que
fazes com eles?
Se
desanimas, se te desencorajas e cruzas os braços, significa que os enterras.
O
homem de fé não pode deixar de se aperceber do sentido mais profundo das suas
provações pessoais e, de resto, a própria procura do sentido profundo dessas
provas é para si mesma uma forma de pôr a render aquele talento.
(…)
Se
determinadas situações provocam em ti um certa tensão, isso quer dizer que
nelas se esconde como que encoberto pela cinza, um “diamante”, o teu talento.
Que
poderás fazer com ele? Como o utilizarás?
Na
realidade, tudo deve servir para a tua santificação e, nesse sentido, «tudo é
graça».
Mesmo
o sofrimento que te esmaga, ou as várias circunstâncias adversas, eis todo um
conjunto de talentos.
No
entanto, muitas vezes estamos como que cegos, crianças pequenas a quem escapa a
compreensão de inúmeras coisas.
Somente um dia, quando comparecermos na
presença de Deus, veremos e compreenderemos tudo.
Conheceremos
então todo esse oceano de dons em que estávamos imersos.
Todos
os talentos são preciosos, embora uns o sejam menos e outros mais.
Se
alguma coisa te saiu bem, se obtiveste bom resultado, sem dúvida que fizeste
uso de um talento, todavia se apenas te surgem contrariedades, eis um talento
ainda mais valioso.
Os próprios insucessos constituem os
tesouros mais inestimáveis que te são oferecidos na tua vida.
(cfr
Meditações sobre a Fé, Tadeusz Dajczer.
(revisão
da versão portuguesa por AMA)
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