Pergunta:
Depois destes
esclarecimentos, necessários, sobre a oração cristã, permita-me que volte à
pergunta precedente:
Como e por quem e porquê
reza o Papa?
Resposta:
Teria de se fazer a
pergunta ao Espírito Santo!
O Papa reza tal como Espírito Santo lhe permite rezar.
Penso que deve rezar de
maneira que, aprofundando no mistério revelado em Cristo, possa cumprir melhor
o seu ministério. E o Espírito certamente guia-o no resto. Basta somente que o
homem não ponha obstáculos.
«O Espírito Santo vem em
ajuda da nossa debilidade.»
Porque
reza o Papa?
Com que se enche o espaço
interior da sua oração?
Gaudium
etspes, luctus et angor hominum huius temporis,
alegrias e esperanças, tristeza e angústias dos homens dehoje são objecto da
oração do Papa
Evangelho quer dizer boa
nova, e a Boa Notícia é sempre um convite
á alegria.
O que é o Evangelho?
É uma grande afirmação do
mundo e do homem porque é a revelação da verdade do seu Deus.
Deus
é a primeira fonte de alegria e de esperança para o homem.
Um Deus tal como nos
revelou Cristo.
Deus é Criador e Pai;
Deus, que« amou tanto o mundo até ao ponto de entregar o seu Filho Unigénito,
para que o homem não morra, mas para que tenha a vida eterna» [i]
Evangelho é, antes de
qualquer outra coisa a alegria da criação.
Deus ao criar, vê que o
que cria é bom [ii],
que é fonte de alegria para todas as criaturas, e em sumo grau é-o para todo o
homem.
Deus Criador parece dizer
a toda a criação: «É bom que tu existas»
E esta sua alegria transmite-se
especialmente mediante a Boa Nova, segundo a qual o Bem é maior que tudo o que no mundo haja de mal!
O mal não é nem
fundamental nem definitivo.
Também neste pondo o
cristianismo se distingue de modo cortante de qualquer forma de pensamento
existencial.
A criação foi dada e
confiada como a tarefa ao homem com o fim de que constitua para ele não uma
fonte de sofrimentos, mas para que seja o fundamento
de uma existência criativa no mundo.
Um homem que crê na
bondade essencial das criaturas está em condições de descobrir todos os
segredos da criação, de aperfeiçoar continuamente a obra que Deus lhe entregou.
Para quem acolhe a Revelação
e, em particular, o Evangelho, tem que concluir que é melhor existir que não
existir; e por isso no horizonte do Evangelho não há lugar para nenhum nirvana,
para nenhuma apatia ou resignação.
Há, pelo contrário, um
grande desafio para aperfeiçoar tudo quanto foi criado, tanto a si próprio como
ao mundo.
O motivo da nossa alegria
é, pois, ter a força com que derrotar o mal, é receber a filiação divina, que
constitui a essência da Boa Nova.
Este poder, Deus dá-o ao
homem em Cristo.
«O Filho Unigénito vem ao
mundo não para julgar o mundo, mas para que o mundo se salve do mal». [iii]
A
obra da Redenção é a elevação da obra da Criação a um novo nível.
O que tinha sido criado
fica penetrado de uma santificação redentora, mais ainda, por uma divinização,
fica como que atraído pela órbita da divindade e da vida íntima de Deus.
Nesta dimensão é vencida a
força destrutiva do pecado.
A vida indestrutível, que
se revela na Ressurreição de Cristo, “devora” por assim dizer a morte.
«Onde está, oh morte a tua
vitória?» pergunta o Apóstolo Paulo fixando o seu olhar em Cristo ressuscitado.
[iv]
(Cfr entrevista de Vittorio
Messori a São João Paulo II, CRUZANDO EL UMBRAL DE LA ESPERANZA, Outubro de
1994)
(Tradução do castelhano
por AMA)
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