Pasma ante a magnanimidade
de Deus: fez-se Homem para nos redimir, para que tu e eu – que não valemos
nada, reconhece-o! – o tratemos com confiança. (Forja, 30)
Lux
fulgebit hodie super nos, quia natus est nobis Dominus –
Hoje brilhará sobre nós a luz, porque nos nasceu o Senhor! Eis a grande
novidade que comove os cristãos e que, através deles, se dirige à Humanidade
inteira. Deus está aqui! Esta verdade deve encher as nossas vidas. Cada Natal
deve ser para nós um novo encontro especial com Deus, deixando que a sua luz e
a sua graça entrem até ao fundo da nossa alma.
Detemo-nos diante do
Menino, de Maria e de José; estamos contemplando o Filho de Deus revestido da
nossa carne... Vem-me à lembrança a viagem que fiz a Loreto, em 15 de Agosto de
1951, para visitar a Santa Casa por motivo muito íntimo. Celebrei lá a Santa
Missa. Queria dizê-la com recolhimento mas não tinha contado com o fervor da
multidão. Não tinha calculado que nesse grande dia de festa muitas pessoas dos
arredores viriam a Loreto – com a bendita fé dessa terra e com o amor que têm à
Madona. E a sua piedade, considerando as coisas – como diria? – só do ponto de
vista das leis rituais da Igreja, levava-as a manifestações não muito
correctas.
E assim, enquanto eu
beijava o altar, nos momentos prescritos pelas rubricas da Missa, três ou
quatro camponeses beijavam-no ao mesmo tempo. Distraía-me mas estava
emocionado. E também me atraía a atenção a lembrança de que naquela Santa Casa
– que a tradição assegura ser o lugar onde viveram Jesus, Maria e José – na
mesa do altar tinham gravado estas palavras: Hic Verbum caro factum est. Aqui, numa casa construída pelas mãos
dos homens, num pedaço de terra em que vivemos, habitou Deus! (Cristo
que passa, 12)
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