Está a ajudar-te muito,
dizes-me, este pensamento: desde os primeiros cristãos, quantos comerciantes
terão sido santos? E queres demonstrar que também agora isso é possível... O
Senhor não te abandonará nesse empenho. (Sulco, 490)
O que sempre ensinei –
desde há quarenta anos – é que todo o trabalho humano honesto, tanto
intelectual como manual, deve ser realizado pelo cristão com a maior perfeição
possível: com perfeição humana (competência profissional) e com perfeição
cristã (por amor à vontade de Deus e em serviço dos homens). Porque, feito
assim, esse trabalho humano, por humilde e insignificante que pareça, contribui
para a ordenação cristã das realidades temporais – a manifestação da sua
dimensão divina – e é assumido e integrado na obra prodigiosa da Criação e da
Redenção do mundo: eleva-se assim o trabalho à ordem da graça, santifica-se,
converte-se em obra de Deus, operatio Dei, opus Dei.
Ao recordar aos cristãos
as palavras maravilhosas do Génesis – que Deus criou o homem para que
trabalhasse –, fixámo-nos no exemplo de Cristo, que passou a quase totalidade
da sua vida terrena trabalhando numa aldeia como artesão. Amamos esse trabalho
humano que Ele abraçou como condição de vida, e cultivou e santificou. Vemos no
trabalho – na nobre e criadora fadiga dos homens – não só um dos mais altos
valores humanos, meio imprescindível para o progresso da sociedade e o
ordenamento cada vez mais justo das relações entre os homens, mas também um
sinal do amor de Deus para com as suas criaturas e do amor-dos-homens entre si
e para com Deus: um meio de perfeição, um caminho de santificação. (Temas
Actuais do Cristianismo, 10)
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