Dois
temas opostos, antagónicos que coexistem na sociedade.
O
Evangelho dá-nos abundantes exemplos, mas, vou referir apenas dois para melhor
ilustrar o que direi em seguida.
Em
São Lucas 5, 17 narra-se uma atitude espantosa de solidariedade humana:
«Apareceram uns homens que traziam um
paralítico num catre e procuravam fazê-lo entrar e colocá-lo diante dele. Não
achando por onde introduzi-lo, devido à multidão, subiram ao tecto e, através
das telhas, desceram-no com a enxerga, para o meio, em frente de Jesus».
Disse
“espantosa” porque, na verdade causou o espanto de quantos a presenciaram.
Aqueles
homens não se deixaram vencer pelas dificuldades queriam levar o amigo a Jesus
e encontraram o meio de o fazer. Sem receio das críticas ou do insólito da
solução encontrada: cumpriram o que se tinham proposto fazer.
Depois,
em São João 5, encontramos exactamente o oposto: a indiferença mais agreste e
inaceitável;
«Estava ali um homem que padecia da sua
doença há trinta e oito anos. Jesus, ao vê-lo prostrado e sabendo que já levava
muito tempo assim, disse-lhe: «Queres ficar são?» Respondeu-lhe o doente: «Senhor,
não tenho ninguém que me meta na piscina quando se agita a água, pois, enquanto
eu vou, algum outro desce antes de mim».
Trinta
anos!
Em
trinta anos quantos milhares de pessoas não terão passado por aquele pobre homem
sem se deterem um segundo sequer para inquirir da sua necessidade!
E,
no entanto, o que será mais fácil:
Atirar
com um paralítico para dentro da água de uma piscina ou subir ao telhado,
transportando o catre onde o amigo jazia, retirar as telhas e desce-lo com umas
cordas para o lugar onde estava Jesus?
Talvez
tenhamos de ler o texto outra vez para reter bem as duas situações porque, num
exame sério e coerente, talvez encontremos algum paralelo com atitudes que já
tomámos.
AMA,
reflexões, 15.01.2018