Quando o orgulho se apodera da alma, não é estranho que atrás
dele, como pela arreata, venham todos os vícios: a avareza, as intemperanças, a
inveja, a injustiça. O soberbo procura inutilmente arrancar Deus – que é
misericordioso com todas as criaturas – do seu trono para se colocar lá ele,
que actua com entranhas de crueldade.
Temos de pedir ao Senhor que não nos deixe cair nesta tentação. A
soberba é o pior dos pecados e o mais ridículo. Se consegue atormentar alguém
com as suas múltiplas alucinações, a pessoa atacada veste-se de aparências,
enche-se de vazio, envaidece-se como o sapo da fábula, que inchava o papo,
cheio de presunção, até que rebentou. A soberba é desagradável, mesmo
humanamente, porque o que se considera superior a todos e a tudo está
continuamente a contemplar-se a si mesmo e a desprezar os outros, que lhe pagam
na mesma moeda, rindo-se da sua fatuidade. (Amigos de Deus, 100)