CAPÍTULO V
O SUBLIME CONHECIMENTO DE CRISTO
4.O Nome e o Coração de Jesus
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Existe um meio muito
simples, que nos pode ajudar neste esforço para entrarmos em contacto com Jesus
e invocar o Seu nome: «Jesus!»
Sabe-se que o nome é, para a
Bíblia, o representante mais directo da pessoa e, de certo modo, a própria
pessoa.
O nome é uma espécie de
porta que permite a entrada no mistério da pessoa.
Não
pertence à categoria dos outros títulos, dos conceitos e dos enunciações – como
é o próprio título pessoa” – mas é alguma coisa mais e diferente.
Aqueles
que são comuns a outros mais, ao passo que o nome é único.
Crer
no nome de Jesus, orar e sofrer pelo
Seu nome, significa, no Novo
Testamento, crer na pessoa de Jesus,
sofrer e orar unidos a Ele; sermos baptizados no “nome de Jesus” significa
sermos baptizados n’Ele, incorporados n’Ele.
Não
ficaram sobre a terra relíquias ou vestígios de Jesus depois de Se ter elevado
ao Céu; ficou, porém, o Seu nome e são inumeráveis as almas que, em todos os
séculos tanto no Oriente como no Ocidente, conheceram por experiência o poder
encerrado neste nome. Israel também não conheceu imagens ou simulacros de Deus,
mas em seu lugar, conheceu o nome, como meio santo para entrar em contacto com Ele.
Ora,
essa mesma majestade do nome é condividida também pelo Filho glorificado.
A
Igreja, através de S. Bernardo, canta a doçura, a suavidade e a força do nome
de Jesus («Jesu dulcis memoria…»).
S. Bernadino
de Sena renovou-lhe a devoção e promoveu a sua festividade despertando com este
nome, a fé adormecida de cidades inteiras.
A
espiritualidade ortodoxa fez do nome de Jesus o veículo privilegiado para
trazer Deus no coração e para alcançar a pureza de coração.
Todos
aqueles que aprendem com simplicidade a pronunciar o nome de Jesus,
experimentam mais cedo ou mais tarde alguma coisa que vai para além de todas as
explicações,
Eles,
então, começam a estimar este nome como um tesouro, e a preferi-lo a todos os
outros títulos de Cristo que Lhe designam a natureza ou a função.
Não
têm sequer necessidade de dizer “Jesus de Nazaré”, como O designam
habitualmente os historiadores e os estudiosos, porque a eles basta-lhes dizer
“Jesus”.
Dizer
“Jesus!” significa chamá-Lo, estabelecer um contacto pessoal com Ele, como
sucede Undo, no meio de uma
multidão, se chama uma pessoa pelo nome e ela olha ao seu redor, procurando
quem a chamou.
Quantas
coisas se conseguem exprimir com o simples nome de Jesus!
Consoante
a necessidade ou a Graça particular do momento e do tom com que o mesmo se
pronuncia, proclama-se com ele que Jesus é o Senhor, isto é, “afirma-se” Jesus
contra todos os poderes do mal e contra todas as angústias; com esse nome se
rejubila, se geme, se implora, se bate à porta, se dá graças ao Pai, de adora,
se intercede…
Um
outro maio para cultivar este conhecimento “pessoal” de Jesus juntamente com a
devoção do Seu nome, é a devoção de Se sacratíssimo coração.
No
Antigo Testamento, especialmente nos Salmos, quando maior se torna a inspiração
e mais forte o desejo de união com Deus, recorre-se sempre a um símbolo: o
rosto.
Buscai
o Seu rosto; o Teu rosto, Senhor, eu buscarei.
O
“rosto” significa, aqui, a presença viva de Javé; não só o Seu “aspecto”, mas
também, no sentido activo, o Seu “olhar” que se cruza com o da criatura e a
tranquiliza, a ilumina e a alivia.
Significa
a própria pessoa de Deus, tanto é verdade que o termo “pessoa” tem a sua origem
precisamente neste significado bíblico de fze, rosto (prosopon).
(cont)
rainiero cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia.
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