02/03/2018

Leitura espiritual

Jesus Cristo o Santo de Deus
CAPÍTULO V

O SUBLIME CONHECIMENTO DE CRISTO


4.O Nome e o Coração de Jesus             

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Existe um meio muito simples, que nos pode ajudar neste esforço para entrarmos em contacto com Jesus e invocar o Seu nome: «Jesus!»
Sabe-se que o nome é, para a Bíblia, o representante mais directo da pessoa e, de certo modo, a própria pessoa.
O nome é uma espécie de porta que permite a entrada no mistério da pessoa.
Não pertence à categoria dos outros títulos, dos conceitos e dos enunciações – como é o próprio título pessoa” – mas é alguma coisa mais e diferente.
Aqueles que são comuns a outros mais, ao passo que o nome é único.
Crer no nome de Jesus, orar e sofrer pelo Seu nome, significa, no Novo Testamento, crer na pessoa de Jesus, sofrer e orar unidos a Ele; sermos baptizados no “nome de Jesus” significa sermos baptizados n’Ele, incorporados n’Ele.

Não ficaram sobre a terra relíquias ou vestígios de Jesus depois de Se ter elevado ao Céu; ficou, porém, o Seu nome e são inumeráveis as almas que, em todos os séculos tanto no Oriente como no Ocidente, conheceram por experiência o poder encerrado neste nome. Israel também não conheceu imagens ou simulacros de Deus, mas em seu lugar, conheceu o nome, como meio santo para entrar em contacto com Ele.
Conheceu a «majestade do nome do Senhor seu Deus» [i].
Ora, essa mesma majestade do nome é condividida também pelo Filho glorificado.
A Igreja, através de S. Bernardo, canta a doçura, a suavidade e a força do nome de Jesus («Jesu dulcis memoria…»).
S. Bernadino de Sena renovou-lhe a devoção e promoveu a sua festividade despertando com este nome, a fé adormecida de cidades inteiras.
A espiritualidade ortodoxa fez do nome de Jesus o veículo privilegiado para trazer Deus no coração e para alcançar a pureza de coração.
Todos aqueles que aprendem com simplicidade a pronunciar o nome de Jesus, experimentam mais cedo ou mais tarde alguma coisa que vai para além de todas as explicações,
Eles, então, começam a estimar este nome como um tesouro, e a preferi-lo a todos os outros títulos de Cristo que Lhe designam a natureza ou a função.
Não têm sequer necessidade de dizer “Jesus de Nazaré”, como O designam habitualmente os historiadores e os estudiosos, porque a eles basta-lhes dizer “Jesus”.
Dizer “Jesus!” significa chamá-Lo, estabelecer um contacto pessoal com Ele, como sucede       Undo, no meio de uma multidão, se chama uma pessoa pelo nome e ela olha ao seu redor, procurando quem a chamou.

Quantas coisas se conseguem exprimir com o simples nome de Jesus!
Consoante a necessidade ou a Graça particular do momento e do tom com que o mesmo se pronuncia, proclama-se com ele que Jesus é o Senhor, isto é, “afirma-se” Jesus contra todos os poderes do mal e contra todas as angústias; com esse nome se rejubila, se geme, se implora, se bate à porta, se dá graças ao Pai, de adora, se intercede…

Um outro maio para cultivar este conhecimento “pessoal” de Jesus juntamente com a devoção do Seu nome, é a devoção de Se sacratíssimo coração.
No Antigo Testamento, especialmente nos Salmos, quando maior se torna a inspiração e mais forte o desejo de união com Deus, recorre-se sempre a um símbolo: o rosto.
Buscai o Seu rosto; o Teu rosto, Senhor, eu buscarei.
Não apartes de mim o Teu Rosto [ii].

«A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: Quando entrarei e verei o rosto de Deus?» [iii].
O “rosto” significa, aqui, a presença viva de Javé; não só o Seu “aspecto”, mas também, no sentido activo, o Seu “olhar” que se cruza com o da criatura e a tranquiliza, a ilumina e a alivia.
Significa a própria pessoa de Deus, tanto é verdade que o termo “pessoa” tem a sua origem precisamente neste significado bíblico de fze, rosto (prosopon).

(cont)
rainiero cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia.





[i]Mq 5,3
[ii] Sl 27,8-9
[iii] Sl 42, 3

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