RESUMOS DA FÉ CRISTÃ
TEMA 18 O Baptismo e a Confirmação
4. Celebração litúrgica
Os
«ritos de acolhimento» tentam discernir devidamente a vontade dos candidatos,
ou dos seus pais, de receber o sacramento e de assumir as consequências.
Seguem-se
as leituras bíblicas, que ilustram o mistério baptismal, e são comentadas na
homilia.
A
seguir, invoca-se a intercessão dos santos, em cuja comunhão o candidato será
integrado; a oração de exorcismo e a unção com o óleo dos catecúmenos significa
a protecção divina contra as insídias do maligno. Depois, benze-se a água com
fórmulas de alto conteúdo catequético, que dão forma litúrgica ao nexo
água-Espírito.
A
fé e a conversão tornam-se presentes mediante a profissão trinitária e a
renúncia a Satanás e ao pecado.
Entra-se
agora na fase sacramental do rito, «para a santificar, purificando-a, no banho
da água, pela palavra» (Ef 5, 26).
A
ablução, seja por infusão ou por imersão, deve-se realizar de tal modo que a
água escorra pela cabeça, significando assim a verdadeira lavagem da alma.
A matéria válida do Sacramento é a água tida
como tal segundo o juízo comum dos homens.
Enquanto
o ministro derrama três vezes a água sobre a cabeça do candidato, ou o
submerge, pronuncia as palavras: «N., eu te baptizo em nome do Pai, e do Filho,
e do Espírito Santo».
Os
ritos após o Baptismo (ou explicativos) ilustram o mistério realizado.
Unge-se
a cabeça do candidato (se não se administra a seguir a Confirmação), para
significar a sua participação no sacerdócio comum e evocar o futuro Crisma.
Entrega-se
uma veste branca como exortação a conservar a inocência baptismal e como
símbolo da nova vida concedida.
A
vela acesa no círio pascal simboliza a luz de Cristo de Cristo, entregue para
viver como filhos da luz. O rito do efecta, realizado nas orelhas e na boca do
candidato, quer significar a atitude de escuta e de proclamação da palavra de
Deus.
Finalmente,
a recitação do Pai Nosso em frente do altar – nos adultos, dentro da liturgia
eucarística – sublinha a nova condição de filho de Deus.
5. Ministro e sujeito
O
ministro ordinário é o bispo e o presbítero e, na Igreja latina, também o
diácono.
Em
caso de necessidade, pode baptizar qualquer homem ou mulher, mesmo não cristão,
desde que tenha a intenção de realizar o que a Igreja crê quando assim actua.
O
Baptismo destina-se a todos os homens e mulheres que ainda o não tenham
recebido. As condições do candidato dependem da sua condição de criança ou
adulto. Os primeiros, que ainda não tenham chegado ao uso da razão, devem
receber o sacramento durante os primeiros dias de vida, mal o permita a saúde
da mãe: proceder de outro modo é, na expressão forte de S. Josemaria, «um grave
atentado contra a justiça e contra a caridade» [i].
Com
efeito, como porta da vida da graça, o Baptismo é um evento absolutamente
gratuito, para cuja validade basta que não seja rejeitado; por outro lado, a fé
do candidato, que é necessariamente fé eclesial, torna-se presente na fé da
Igreja. No entanto, existem determinados limites à praxe do Baptismo das
crianças: é ilícita se falta o consenso dos pais, ou não existe garantia
suficiente da futura educação católica.
Face
a esta última condição, designam-se os padrinhos, escolhidos entre pessoas de
vida exemplar.
Os
candidatos adultos preparam-se através do catecumenato, estruturado segundo os
diversos usos locais, com vista a receber também na mesma cerimónia a
Confirmação e a primeira Comunhão.
Durante
este período, procura-se que aumente o desejo da graça, o que inclui a intenção
de receber o sacramento, como condição da sua validade.
Tudo
isto acompanha a instrução doutrinal, que progressivamente leccionada procura
suscitar no candidato a virtude da fé, e a verdadeira conversão do coração, o
que pode pedir mudanças radicais na vida do candidato.
Confirmação 1. Fundamentos bíblicos e
históricos
As
profecias sobre o Messias tinham anunciado que «sobre Ele repousará o espírito
do Senhor» (Is 11, 2), e isto estaria unido à sua eleição como enviado: «Eis o
meu servo, que Eu amparo, o meu eleito, que Eu preferi. Fiz repousar sobre Ele
o meu espírito, para que leve às nações a verdadeira justiça» (Is 42, 1).
O
texto profético é ainda mais explícito quando é colocado nos lábios do Messias:
«O espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu: enviou-me
para levar a boa-nova aos que sofrem, para curar os desesperados, para anunciar
a libertação aos exilados e a liberdade aos prisioneiros» (Is 61, 1).
Algo
similar se anuncia também para o povo de Deus; aos seus membros, Deus disse:
«Dentro de vós porei o meu espírito, fazendo com que sigais as minhas leis e
obedeçais e pratiqueis os meus preceitos» (Ez 36, 27); e em Jl 3, 2 acentua-se
a universalidade desta difusão: «sobre servos e servas, naqueles dias,
derramarei o meu espírito».
No
mistério da Encarnação realiza-se a profecia messiânica (cf. Lc 1, 35),
confirmada, completada e publicamente manifestada na unção do Jordão (cf. Lc 3,
21-22), quando desce sobre Cristo o Espírito Santo em forma de pomba e a voz do
Pai actualiza a profecia de eleição.
O
próprio Senhor apresenta-se no início do seu ministério como o ungido de Yahvé
em quem se cumprem as profecias (cf. Lc 4, 18-19), e deixa-se guiar pelo
Espírito (cf. Lc 4, 1; 4, 14; 10, 21) até ao próprio momento da morte (cf. Heb
9, 14). Antes de oferecer a Sua vida por nós, Jesus promete o envio do Espírito
(cf. Jo 14, 16; 15, 26; 16, 13), como efectivamente sucede no Pentecostes (cf.
Act 2, 1-4), referindo-se explicitamente à profecia de Joel (cf. Act 2, 17-18),
dando assim início à missão universal da Igreja.
O
próprio Espírito Santo descido em Jerusalém sobre os Apóstolos é por eles
comunicado aos baptizados mediante a imposição das mãos e a oração (cf. Act 8,
14-17; 19, 6).
Esta
praxe chega a ser tão conhecida na Igreja primitiva, que é referida na Carta
aos Hebreus como parte dos «ensinamentos elementares» e dos «temas
fundamentais» (Heb 6, 1-2).
Este
quadro bíblico completa-se com a tradição paulina e joanina que vincula os
conceitos de «unção» e «selo» com o Espírito infundido sobre os cristãos (cf. 2
Cor 1, 21-22; Ef 1, 13; 1 Jo 2, 20. 27).
Este
último encontra expressão litúrgica já nos mais antigos documentos, com a unção
do candidato com óleo perfumado.
Estes
mesmos documentos atestam a unidade ritual primitiva dos três sacramentos de
iniciação cristã, administrados durante a celebração pascal presidida pelo
bispo na catedral.
Quando
o cristianismo se difunde fora das cidades e o Baptismo das crianças passa a
ser massivo, já não é possível continuar com a praxe primitiva.
Enquanto
no ocidente se reserva a administração da Confirmação ao bispo, separando-a do
Baptismo, no oriente conserva-se a unidade dos sacramentos de iniciação,
concedidos um a seguir ao outro ao recém-nascido pelo presbítero.
Daí
a importância crescente no oriente da unção com o myron, que se estende a diversas partes do corpo; no ocidente, a
imposição das mãos torna-se uma imposição geral a todos os confirmandos,
enquanto cada um recebe a unção na testa.
2. Significação litúrgica e efeitos
sacramentais
O
crisma, composto de azeite e bálsamo, é consagrado pelo bispo ou patriarca, e
só por ele, durante a missa crismal de quinta-feira santa. A unção do confirmando
com o santo crisma é sinal da sua consagração. «Pela Confirmação, os cristãos,
quer dizer, os que são ungidos, participam mais na missão de Jesus Cristo e na
plenitude do Espírito Santo de que Ele está repleto, a fim de que toda a sua
vida espalhe “o bom odor de Cristo” (cf. 2 Cor 2, 15).
Por
esta unção, o confirmando recebe “a marca”, o selo do Espírito Santo»
(Catecismo, 12941295). Esta unção é liturgicamente precedida – quando se
realiza separadamente do Baptismo – da renovação das promessas do Baptismo e a
profissão de fé dos confirmandos. «Assim se evidencia claramente que a
Confirmação se situa na continuação do Baptismo» (Catecismo, 1298).
Na
liturgia romana, continua-se com a extensio
manuum para todos os confirmandos do bispo, enquanto se pronuncia uma
oração em voz alta de grande conteúdo epiclético (isto é, de invocação e
súplica). Chega-se assim ao rito especificamente sacramental, que se realiza
«pela unção do santo crisma sobre a fronte, feita com a imposição da mão, e por
estas palavras: “Accipe signaculum doni
Spiritus Sancti – Recebe por este sinal o Espírito Santo, o Dom de Deus”».
Nas igrejas orientais, a unção faz-se sobre as partes mais significativas do
corpo, acompanhada cada uma pela fórmula: «Selo do dom que é o Espírito Santo»
(Catecismo, 1300). O rito termina com o beijo da paz, como manifestação da
comunhão eclesial com o bispo (cf. Catecismo, 1301). Assim, a Confirmação
possui uma unidade intrínseca com o Baptismo, mesmo que não se expresse
necessariamente no mesmo rito. Com ela, o património baptismal do candidato
completa-se com os dons sobrenaturais característicos da maturidade cristã.
A
Confirmação é dada uma só vez, pois «imprime na alma uma marca espiritual
indelével, o “carácter”, que é sinal de que Jesus Cristo marcou um cristão com
o selo do seu Espírito, revestindo-o da fortaleza do Alto, para que seja sua
testemunha» (Catecismo, 1304). Através dela, os cristãos recebem com particular
abundância os dons do Espírito Santo, ficam mais estreitamente vinculados à Igreja,
«e deste modo ficam obrigados a difundir e defender a fé por palavras e obras» [ii].
3. Ministro e sujeito
Enquanto
sucessores dos Apóstolos, só os bispos são «os ministros originários da
Confirmação» [iii].
No
rito latino, o ministro ordinário é exclusivamente o bispo; um presbítero pode
confirmar validamente só nos casos previstos na legislação geral (baptismo de
adultos, acolhimento na fé católica, equiparação episcopal, perigo de morte),
quando recebe a faculdade específica ou quando é associado momentaneamente a
estes efeitos pelo bispo.
Nas
igrejas orientais, o presbítero também é ministro ordinário, o qual deve usar
sempre o crisma consagrado pelo patriarca ou bispo. Como sacramento de
iniciação, a Confirmação está destinada a todos os cristãos e não só a alguns
escolhidos.
No
rito latino, é conferida uma vez que o candidato chegue ao uso da razão: a
idade concreta depende dos usos locais, as quais devem respeitar o seu carácter
de iniciação. Requer-se a prévia instrução, verdadeira intenção de a receber e
estado de graça.
PHILIP GOYRET
Bibliografia básica
- Catecismo da Igreja
Católica, 1212-1321. - Compêndio do Catecismo da Igreja Católica 251-270.
Notas
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