A
voz do Magistério
«Depois de terem adorado o
Senhor e terem satisfeito a sua devoção, os Magos, de acordo com o aviso
recebido em sonhos, regressaram ao seu país por um caminho diferente daquele
por onde tinham vindo. Acreditando já em Cristo, não tinham que ir, com efeito,
pelo caminho da sua antiga vida, mas entrando na nova rota, abstêm-se dos erros
que tinham abandonado. Era necessário invalidar as manobras de Herodes, que,
sob o pretexto de zelo, preparava um engano ímpio sobre o Menino Jesus.
Por isso, ficando o seu
plano desbaratado e a sua esperança iludida, a cólera do rei inflamou-se com
ardor. Recordando a data que os Magos tinham indicado, derramou a raiva da sua
crueldade sobre todas as crianças de Belém e numa matança geral fez perecer
todos os recém-nascidos da cidade, fazendo-os passar para a glória eterna.
Pensou que nenhuma criança tinha escapado da morte nesse lugar e, por isso, que
Cristo tinha também morrido. Mas Ele, que reservava para outro tempo a efusão
do Seu sangue para a redenção do mundo, tinha fugido para o Egipto, levado pelo
cuidado dos Seus pais. Restaurava assim a antiga linhagem do povo hebreu e
exercia o principado do verdadeiro José, usando de um poder e de uma
providência muito maior que a sua, pois vinha libertar os corações dos egípcios
de uma fome mais terrível do que toda a indigência, que eles sofriam pela
ausência da verdade, já que Ele veio do Céu como verdadeiro pão de vida [i]. De
modo que este país não seria já estranho à preparação do mistério da única
vítima, onde, pela imolação do cordeiro, tinham sido prefigurados pela primeira
vez o sinal salvador da cruz e a Páscoa do Senhor».
São
Leão Magno, Papa (século V), Homilia 3 na solenidade da Epifania.
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