A voz dos Padres
Há que considerar que o
superior se dirigiu ao inferior para o ajudar: Maria a Isabel, Cristo a João.
E, no momento da chegada de Maria, manifestam-se os benefícios da presença
divina. Repara de que modo tão distinto em cada um deles! Isabel ouve primeiro
a voz, mas João a primeira coisa que sente é a graça. Ela percebeu de acordo
com a ordem natural, ele alegrou-se com o mistério sobrenatural. Ela notou a
chegada de Maria; ele, a do Senhor. E quando o filho ficou cheio do Espírito
Santo, então encheu-se também a mãe (...).
Donde me é dado que venha
ter comigo a Mãe do meu Senhor? [i].
Não fala como uma ignorante, mas, reconhece, antes, o efeito da graça divina,
não do mérito humano. Quer dizer: porque me chega esta felicidade, que venha a
Mãe do meu Senhor ter comigo? Reconheço que não tenho nada que o exigisse. Por
que justiça, por que acções, por que méritos? Pressinto o milagre, reconheço o
mistério: a Mãe do Senhor está grávida do Verbo, cheia de Deus (...).
Maria ficou com Isabel cerca
de três meses; depois voltou para sua casa [ii].
Compreende-se bem que Santa Maria, por um lado, prestasse os seus serviços e,
por outro, o fizesse durante um número simbólico de meses. Não ficou tanto tempo
só por ser parente, mas também para proveito do profeta: pois, se só a sua
entrada produziu um efeito tão grande que, com a saudação de Maria, o menino
saltou de gozo no seio materno e a mãe (Isabel) ficou cheia do Espírito Santo,
em quanto quantificaremos os efeitos da presença de Maria durante tanto tempo?
Santo
Ambrósio de Milão (séc. IV), Exposição do Evangelho segundo São Lucas 2,
22-23.25.29.
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