A voz do Magistério
«Olhai
para Maria, formosa como a lua, pulchra
ut luna. É uma forma de expressar a sua excelsa beleza. Que formosa deve
ser a Virgem! Quantas vezes nos impressionaram a beleza de uma face de anjo, o
encanto do sorriso de uma criança, o fascínio de um olhar puro! Certamente, no
rosto da Sua própria Mãe, Deus recolheu todos os resplendores da sua arte
divina. O olhar de Maria! O sorriso de Maria! A doçura de Maria! A majestade de
Maria, Rainha do Céu e da terra! Do mesmo modo que a lua brilha no céu escuro,
assim também a formosura de Maria se distingue sobre todas as formosuras, que
parecem sombras junto d’Ela. Maria é a mais formosa de todas as criaturas. Não
é apenas a beleza natural que se reflecte naquele rosto. Deus revestiu a sua
alma com a plenitude das suas riquezas por um milagre da sua omnipotência e fez
passar para o olhar de Maria algo da sua dignidade sobrenatural e divina. Uma
centelha da beleza de Deus brilha nos olhos de sua Mãe».
«Mas
a Igreja não compara Maria apenas à lua; servindo-se também da Sagrada
Escritura [i], usa uma imagem mais intensa e exclama: Tu és, Maria, electa ut sol, eleita como o sol! A luz
do sol tem uma grande diferença da da lua: é luz que aquece e vivifica. A lua
brilha sobre os grandes glaciares do Pólo, mas o glaciar permanece compacto e
infecundo, como permanecem as trevas e perdura o gelo nas noites lunares do
Inverno. A luz da lua não tem calor, não leva a vida. Fonte de luz e de calor e
de vida é o sol. Pois bem, Maria, que tem a beleza da lua, brilha também como
um sol e irradia um calor vivificante. Falando d’Ela, falando-lhe a Ela, não
esqueçamos que é verdadeiramente nossa Mãe; porque através d’Ela recebemos a
vida divina. Ela deu-nos Jesus e com Jesus a própria Fonte da graça. Maria é
medianeira e distribuidora de todas as graças».
«Electa ut sol. Sob a luz e o calor do
sol as plantas florescem sobre a terra e dão o seu fruto; Sob o influxo e a
ajuda deste sol que é Maria, os bons pensamentos frutificam nas almas. Talvez
neste momento já estejais inundados do encanto que emana da Virgem Imaculada,
Mãe da divina graça, medianeira de todas as graças, por ser Rainha do mundo».
«Voltai
a percorrer, queridos filhos e filhas, a história da vossa vida. Não vedes um
tecido de graças de Deus? Então podeis pensar: nestas graças entrou Maria. As
flores despontaram e os frutos amadureceram na minha vida graças ao calor desta
Senhora, eleita como o sol».
PIO
XII (século XX), Mensagem radiofónica na abertura do Ano Mariano,
8-XII-1953.
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