10. A mensagem que, através da legalização da eutanásia e do
suicídio assistido, assim se veicula tem graves implicações sociais, que vão
para além de cada situação individual. Esta mensagem não pode deixar de ter
efeitos no modo como toda a sociedade passará a encarar a doença e o
sofrimento.
Há o sério risco de que a morte passe a ser encarada como
resposta a estas situações, já que a solução não passaria por um esforço
solidário de combate à doença e ao sofrimento, mas pela supressão da vida da
pessoa doente e sofredora, pretensamente diminuída na sua dignidade. E é mais
fácil e mais barato. Mas não é humano! Neste novo contexto cultural, o amor e a
solidariedade para com os doentes deixarão de ser tão encorajados, como já têm
alertado associações de pessoas que sofrem das doenças em questão e que se
sentem, obviamente, ofendidas quando veem que a morte é apresentada como
“solução” para os seus problemas. E também é natural que haja doentes, de modo
particular os mais pobres e débeis, que se sintam socialmente pressionados a
requerer a eutanásia, porque se sentem “a mais” ou “um peso”.
É este, sem dúvida, um perigo agravado num contexto de
envelhecimento da população e de restrições financeiras dos serviços de saúde
que implícita ou explicitamente se podem questionar: para quê gastar tantos
recursos com doentes terminais quando as suas vidas podem ser encurtadas?
(cont)
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