8. Invocam os partidários da legalização da eutanásia e do
suicídio assistido que, com essa legalização, se respeita, apenas, a vontade e
as conceções sobre o sentido da vida e da morte, de quem solicita tais pedidos,
sem tomar partido. Mas não é assim. O Estado e a ordem jurídica, ao autorizarem
tal prática, estão a tomar partido, estão a confirmar que a vida permeada pelo
sofrimento, ou em situações de total dependência dos outros, deixa de ter
sentido e perde dignidade, pois só nessas situações seria lícito suprimi-la.
Quando um doente pede para morrer porque acha que a sua
vida não tem sentido ou perdeu dignidade, ou porque lhe parece que é um peso
para os outros, a resposta que os serviços de saúde, a sociedade e o Estado
devem dar a esse pedido não é: «Sim, a tua vida não tem sentido, a tua vida
perdeu dignidade, és um peso para os outros». Mas a resposta deve ser outra:
«Não, a tua vida não perdeu sentido, não perdeu dignidade, tem valor até ao
fim, tu não és peso para os outros, continuas a ter valor incomensurável para
todos nós». Esta é a resposta de quem coloca todas as suas energias ao serviço
dos doentes mais vulneráveis e sofredores e, por isso, mais carecidos de amor e
cuidado; a primeira é a atitude simplista e anti-humana de quem não pretende
implicar-se na questão do sentido da verdadeira «qualidade de vida» do próximo
e embarca na solução fácil da eutanásia ou do suicídio assistido.
(cont)
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