I. O EVANGELHO QUE NOS DÁ A SALVAÇÃO
(1,18-11,36)
Capítulo 3
Será Deus infiel à sua palavra?
1Que
vantagem têm então os judeus? Ou que utilidade tem a circuncisão? 2Muita, em
todos os aspectos! Em primeiro lugar, porque lhes foram confiadas as palavras
de Deus. 3Que importa, então, se alguns foram infiéis? Irá, porventura, a
infidelidade deles anular a fidelidade de Deus? 4De maneira nenhuma! Fique
claro que Deus é verdadeiro, mesmo que todo o homem seja falso! Tal como está
escrito:
Para
que te mostres justo nas tuas palavras e saias vitorioso no litígio que houver
contigo.
5Mas,
se a nossa injustiça faz com que se manifeste a justiça de Deus, que diremos?
Não estará Deus a ser injusto, ao aplicar-nos a sua ira? Isto digo-o segundo
critérios humanos. 6De maneira nenhuma! Senão, como poderia Deus julgar o
mundo?
7Mas,
se foi devido à minha falsidade que a verdade de Deus tanto se evidenciou para
sua glória, porque hei-de eu então, ainda por cima, ser condenado como pecador?
8Não será mesmo de agir conforme aquilo que certa gente caluniosamente afirma
termos dito: «Façamos o mal, para que venha o bem?» É gente que justamente
merece a condenação.
Todos são pecadores
9Afinal
qual é a conclusão? Temos ou não vantagem alguma sobre os outros? Absolutamente
nenhuma! Foi exactamente a acusação que acabámos de fazer: judeus e gregos,
todos estão sob o domínio do pecado. 10Assim está escrito: Não há justo algum, nem um sequer. 11Não há quem seja sensato, não há quem procure a Deus. 12Todos se extraviaram, todos se corromperam.
Não há quem faça o bem, não há um sequer.
13Sepulcro aberto é a sua garganta, com a
sua língua espalhavam enganos; há nos seus lábios veneno de serpente. 14A sua boca está cheia de maldição e azedume.
15Velozes são os seus pés para derramar
sangue; 16há devastação e miséria
pelos seus caminhos, 17e o caminho da
paz, não o conheceram. 18Não há temor
de Deus diante dos seus olhos.
19Ora,
nós sabemos que tudo o que a Lei diz, é dito para os que estão sob a Lei, a fim
de que toda a língua se cale, e todo o mundo se reconheça culpado diante de
Deus. 20Pois, pelas obras da Lei, ninguém será justificado diante dele. De
facto, pela Lei só se chega ao reconhecimento do pecado.
Deus salva-nos pela morte de Cristo
21Mas
agora foi sem a Lei que se manifestou a justiça de Deus, testemunhada pela Lei
e pelos Profetas: 22a justiça que vem para todos os crentes, mediante a fé em
Jesus Cristo. É que não há diferença alguma: 23todos pecaram e estão privados
da glória de Deus. 24Sem o merecerem, são justificados pela sua graça, em
virtude da redenção realizada em Cristo Jesus. 25Deus ofereceu-o para, nele,
pelo seu sangue, se realizar a expiação que actua mediante a fé; foi assim que
ele mostrou a sua justiça, ao perdoar os pecados cometidos outrora, 26no tempo
da divina paciência. Deus mostra assim a sua justiça no tempo presente, porque
Ele é justo e justifica quem tem fé em Jesus.
27Onde
está, pois, o motivo para alguém se gloriar? Foi excluído! Por qual lei? Pela
das obras? De modo nenhum! Mas pela lei da fé. 28Pois estamos convencidos de
que é pela fé que o homem é justificado, independentemente das obras da lei.
29Será Deus apenas Deus dos judeus? Não o é também dos gentios? Sim, Ele é
também Deus dos gentios, 30uma vez que há um só Deus. É Ele que há-de justificar
pela fé os circuncidados, e os não-circuncidados, mediante a fé.
31Quer
isso dizer então que, com a fé, anulamos a Lei? De maneira nenhuma! Pelo
contrário, confirmamos a Lei.
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