24/02/2017

Reflectindo - 229

SURF

Há dias parei à beira-mar fascinado com os numerosos jovens - alguns não tão jovens - que praticavam surf, aproveitando as ondas de uma maré a "encher".

E ocorreu-me que também eu sou, bem vistas as coisas, um "surfista".

Ando pelas ondas da vida, tentando aproveitar ao máximo as possibilidades e habilidade que tenho - os dons que Deus me deu - para dominar o seu ímpeto e, na medida do possível, revertê-lo em meu favor.

Não sou grande atleta, nem o peso dos anos me garantem a agilidade necessária para executar com brilho a tarefa.

Mas são exactamente esses anos, essa experiência adquirida em tantas quedas, trambulhões - alguns bem grandes e desastrosos - que definitivamente me ajudam na performance.

Em primeiro lugar porque tenho uma "prancha" fantástica que quase me leva, sem eu querer, pelo melhor percurso, aproveitando a melhor corrente, mantendo-me à tona com um mínimo de galhardia.

Depois tenho uns professores que incansávelmente me ensinam, orientam e ajudam, suprindo a minha falta de habilidade, as minhas limitações e, melhor de tudo, os meus medos e receios.

Os piores destes medos e receios são os "respeitos humanos", "o que dirão" deste homem maduro a meter-se em tais trabalhos.

Mas logo me convenço que esse é o meu objectivo: não importa quem vê, aprecia, critica ou louva os meus movimentos nas ondas da vida. Basta-me ter a certeza, que o Mestre que tudo vê, avalia e aprecia, fica contente com o meu esforço, com a minha vontade e determinação em, "apesar dos pesares", levar para a frente o que tenho de fazer em cada momento.

Por isso, tenho a certeza que nunca se deve "surfar" de motu próprio, sózinho, confiando nas capacidades pessoais, por muito capaz, atlético ou treino que se possa ter.

Direcção...direcção...direcção!

Confiar em quem devo confiar e que, por graça de Deus, tem a graça especial de me ensinar o que devo fazer em cada momento.

Sem esta direcção, não conseguiria vencer a menor das ondulações, quanto mais, as vagas alterosas que,não poucas vezes, me perturbam e me tornam cobarde.


AMA, reflexões, 02.04.2014

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