Em seguida devemos tratar da sepultura
de Cristo. E nesta questão discutem-se quatro artigos:
Art. 1 — Se foi conveniente Cristo ser
sepultado.
Art. 2 — Se Cristo foi sepulto de modo
conveniente.
Art. 3 — Se o corpo de Cristo se reduziu
a cinza, no sepulcro.
Art. 4 — Se Cristo permaneceu no
sepulcro só um dia e duas noites
Art.
1 — Se foi conveniente Cristo ser sepultado.
O primeiro discute-se assim. — Parece
que não foi conveniente Cristo ser sepultado.
1. — Pois, de Cristo diz a Escritura: Chegou a ser homem como sem socorro, livre
entre os mortos. Ora, nos sepulcros são encerrados os corpos dos mortos, o
que, parece, é o contrário da liberdade. Logo, parece que não foi conveniente
fosse o corpo de Cristo sepultado.
2. Demais. – Nada, devia ser feito, em
relação a Cristo, que não fosse salutífero. Ora, parece que em nada contribuía
para a salvação dos homens Cristo ter sido sepultado. Logo, não foi conveniente
que fosse sepultado.
3. Demais. — Parece inconveniente que
Deus, o excelso sobre os céus, fosse sepultado na terra. Ora, o que convém a
Cristo morto é atribuído a Deus, em virtude da união. Logo, parece
inconveniente que Cristo fosse sepultado.
Mas, em contrário, diz o Senhor, da
mulher que o tenha ungido: No que me fez,
fez uma boa obra. E depois acrescenta: Porquanto
derramar ela este balsamo sobre o meu corpo foi ungir-me para ser enterrado.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. -
Cristo, mesmo sepulto, mostrou que entre os mortos era livre, pelo facto da
inclusão no sepulcro não ter podido impedi-lo de sair dele pela ressurreição.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Assim como a morte
de Cristo obrou eficientemente a nossa salvação, assim também a sua sepultura.
Por isso diz Jerónimo: Ressurgimos pela
sepultura de Cristo. E sobre o dito na Escritura: E dará os ímpios pela sepultura, diz a Glosa: isto é, as gentes, que não tinham a piedade, da-los-á a Deus Pai,
porque os ganhou pela sua morte e sepultura.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Como se diz num
Sermão do concílio Efesino, nenhuma das
coisas que servem a salvação dos homens fazem injúria a Deus; pois, mostram que
ele não é passível, mas clemente. E noutro sermão do mesmo Concílio lemos: Deus não considera como injurioso nada do
que pode ser para o homem ocasião de salvar-se. Pois, não irias ter por vil a
natureza de Deus, admitido que ela possa jamais considerar-se sujeita a
injúrias.
Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.
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