Numa família
constituída por muitas pessoas, pais, filhos, netos, bisnetos quando chega o
tempo de herança, normalmente acontecem, pelo menos, duas coisas: surgem grupos
de interesses que se não são totalmente antagónicos não são completamente
concordantes.
Vamos reduzir a dois grupos.
O primeiro constituído pelos que querem manter os bens herdados dos Pais, nomeadamente as propriedades e casas de família onde muitos nasceram e onde têm raízes profundas;
O segundo grupo
dos que não se interessam nem preocupam com essas questões porque,
principalmente, envolvem despesas de manutenção que não estão dispostos a
partilhar.
O que fazer?
Não é uma questão menor bem ao contrário.
Vende-se e distribui-se o produto da venda?
Mas, para isso, é necessário haver quem compre e que o que está disposto a pagar seja aceite por todos.
Pode haver uns que digam que tal não constitui problema, vender por qualquer preço é aceitável, acaba-se a questão!
Mas outros são de opinião que, a haver venda, esta terá de ser por um montante justo e sério.
Complica-se a
questão.
Arrasta-se a
solução.
Entretanto há que manter as coisas num mínimo aceitável, por exemplo não deixar ruir a habitação que foi a casa de família.
Custos!
Quem os
suporta?
Os do grupo que
querem vender a qualquer preço não se dispõem a contribuir.
É lógico?
É lógico?
Aceitável?
Sério?
Os que desejam manter o herdado com um mínimo de dignidade, evitando o abandono e a degradação inevitável, a menos que disponham de possibilidades financeiras para tal vêm-se "entre a espada e a parede":
Fazer um
esforço ou desistir?
Jogar no futuro
ou considerar o imediato?
Não pretendo avaliar a justiça que assiste a uns e outros nem apresentar solução - que de resto não tenho - para resolver o assunto a contento de todos.
Refiro apenas que estas situações conduzem, normalmente, a fracturas na harmonia familiar o que, a meu ver, é o que realmente importa salvaguardar.
Assim, julgo que, quando a situação se manifesta - morte de um dos progenitores - há que ser pragmático e evitar a todo o custo iludir a questão pretendendo manter tudo tal qual era e foi durante muitos anos.
Tal poderá ser " um corte " com o passado que alguns não entenderão e que, certamente será difícil para todos, mas, salvaguarda-se o futuro, evitam-se as dissensões e, seguramente, evitam-se muitas ocasiões de conflito e difícil convivência.
Cabe, seguramente, aos mais velhos, conduzirem as coisas neste ou noutro sentido mas - cuidado - sem nunca pretender impor o seu ponto de vista ou opções.
Esta é uma realidade diária com que se deparam muitas famílias e não tenhamos ilusões, mais vale atalhar "a direito" logo no início, que ir arrastando os assuntos até surgir uma solução ideal que, todos sabemos, é extremamente raro acontecer.
(ama, Carvide, Fevereiro de 2016)
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