Olha em frente, tentando descortinar a estrada da vida!
Mas os seus olhos não o ajudam e ele não consegue
perceber sequer o caminho para amanhã, quanto mais para o futuro.
O que fazer? Por onde ir? Onde está a estrada segura?
Nada, nem uma resposta, nem uma visão, nem um conselho,
nem nada que os seus olhos possam ver!
Assim, pensou, não é possível caminhar, ou seja, não é
possível viver, pois não há uma direcção segura, uma estrada para percorrer, um
caminho que leve à meta desejada da felicidade.
Desiste de olhar, de ver, e fecha os olhos com a
resignação de quem pensa já nada haver a fazer.
Percebe então que no seu íntimo existe outra maneira de
ver, pois quase jurava que o seu coração tem olhos, e que esses olhos vêem um caminho
à sua frente, bem marcado e presente.
No entanto o seu primeiro entusiasmo por ver aquele
caminho, começa a esmorecer, quando percebe um caminho estreito, por vezes
ladeado por abismos sem fim, pedras, com curvas e contra-curvas, obstáculos,
subidas e descidas, enfim, um caminho humanamente desaconselhável.
Regressa ao coração e deixa-se guiar por ele.
Tem então a noção de que em cada sítio mais complicado do
caminho existe sempre uma luz, uma mão, um ombro, uma palavra, um conselho e
que, apesar de tudo, se seguir esse caminho deixando-se conduzir por tudo isso,
o fim é perfeitamente alcançável, e que esse fim se prefigura como um paraíso,
onde o amor e a felicidade comungam, e afinal se chama Deus!
A decisão está tomada!
Aquele é a estrada a percorrer, a direcção segura, a vida
com sentido, que leva à meta desejada!
Procura uma placa de informação, algo que lhe diga como
se chama esse caminho, e então vê na borda do caminho estreito, o nome que
Alguém lhe deu: Igreja!
Marinha Grande, 7 de Outubro de 2016
Joaquim Mexia Alves
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