O demónio
do sectarismo leva o apóstolo a isolar-se no seu campo de trabalho, nas suas ideias,
no seu grupo… Pouco a pouco, vai perdendo o seu sentido de pertença e de
integração numa Igreja mais ampla, mais rica, numa Igreja universal, na qual
todo cristão é solidário nos seus êxitos e cruzes, nos seus problemas e
conquistas, seja no seu país ou no mundo todo. O apóstolo sectário fecha-se na
sua visão das coisas, nos limites da sua experiência e, através disso, vê e
julga a Igreja. Desta forma, a sua visão deixou de ser verdadeiramente
católica.
O
sectarismo tem sintomas pessoais e grupais. No nível pessoal, um dos mais
típicos, é o isolar-se. O apóstolo trabalha sozinho, sem se integrar numa
missão de conjunto. Não participa das reuniões programadas para esta
finalidade, nem de encontros de actualização e de capacitação. Não lhe
interessa incorporar-se a critérios e planos comuns, a instâncias de avaliação
ou revisão, nem procura relacionar-se com outros evangelizadores.
Consequentemente,
o sectário isola o seu trabalho do resto. Faz “a sua coisa” e tem “a sua
gente”, a sua própria experiência e a sua visão do apostolado. Tudo o que é
diferente da sua visão e experiência é questionável: só vê “poréns” e defeitos.
A própria autoridade pastoral da Igreja é ignorada ou criticada quando não
concorda com a sua visão e ideias próprias .
Outro
sintoma desta tentação é reduzir o apostolado a um só tema ou pouco mais, a uma
determinada linha de pastoral, como grupos de oração, direitos humanos,
liturgia, jovens… O resto não interessa.
Isto
não quer dizer que não deva haver evangelizadores especializados. É que o bom
especialista precisa ter uma visão mais ampla e de conjunto.
O
resultado é que o apóstolo se torna sectário também em relação às pessoas às
quais se dirige. Se ele for monotemático, a sua assembleia habitual também o
será: falará sempre ao mesmo público, que partilha a sua visão e os seus
interesses limitados. Ora, isso leva ao perigo de suscitar comunidades tão
sectárias quanto ele.
O demónio
do sectarismo pode ser, portanto, também grupal. Não se trata, porém, do que é
normal no apostolado e na Igreja, isto é, o facto de pessoas mais afins em
espiritualidade, em pastoral ou simplesmente por pertencerem a uma mesma
geração, formarem grupos de trabalho, de vida cristã ou de amizade. Isto não é
sectarismo, ainda que qualquer grupo afim precise saber que poderia estar
exposto a esta tentação. O sectarismo grupal consiste em fechar-se nas ideias
do grupo ou do movimento teológico, pastoral, espiritual… Os participantes do
grupo acabam pensando que têm a melhor versão da verdade ou toda a verdade, que
sua orientação é privilegiada, que não têm muito que receber de outros grupos
ou movimentos de Igreja.
Este
tipo de sectarismo torna-nos marcadamente proselitistas, ignorando o legítimo
pluralismo. Não há integração com outros movimentos em tarefas comuns: costuma
ter-se a própria agenda. Esta tentação pode conduzir, subtilmente, a fazer da
própria espiritualidade, da própria pastoral ou da sua teologia, em princípio
legítimas, uma ideologia, um integrismo conservador, progressista ou de
qualquer outra cor.
Fonte:
presbíteros
(revisão
da versão portuguesa por ama)
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