Deste
demónio praticamente ninguém escapa. Não é fácil tomar consciência desta
tentação. Ele ataca até o apóstolo mais espiritual, não porque não saiba disso,
mas por cegueira. Por isso a expulsão deste demónio implica um longo caminho de
iluminação das motivações apostólicas, que como toda iluminação de motivos
normalmente se faz durante a vida toda.
Habitualmente
nesta tentação do apostolado (salvo que tenha caído em níveis muito baixos), as
acepções e discriminações de pessoas não são motivadas por preconceitos graves:
racismo, classicismo, nacionalismo, tratamento diferenciado de ricos e pobres,
etc. Estes graus de discriminação normalmente não estão presentes na pastoral
da Igreja, a não ser em casos extremos. O demónio da acepção de pessoas costuma
apresentar-se de maneira mais sutil.
Trata-se
aqui de dar mais tempo, interessar-se mais e estar mais disponível às pessoas
em geral e para os membros da comunidade cristã que têm mais qualidades
humanas, que são mais inteligentes, mais interessantes ou agradáveis, mais
simpáticos e atraentes… Consequentemente, se deixa de modo sutil num segundo
plano, os que são menos dotados, mais opacos e menos atraentes, menos
inteligentes e gratificantes… Esta é a forma mais comum de acepção de pessoas
no apostolado, tanto mais subtil, profunda e persistente, quanto mais
inconsciente ela for.
Além
disso, no apostolado, no caso da predilecção pelos pobres, não se pode
restringir ao nível sociológico, que é sempre essencial, é verdade. Precisa
chegar igualmente a todos os “pobres” em qualidades humanas externas,
psicologicamente discriminados em atenção e acolhimento. Ora, o apostolado não
pode guiar-se unicamente pelo critério da eficácia, que aconselha investir
preferencialmente nos mais dotados e nos líderes potenciais. Deve, igualmente,
testemunhar o primado da caridade fraterna, que se revela preferencialmente com
os desprezados e esquecidos.
Fonte:
presbíteros
(revisão
da versão portuguesa por ama)
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