A mais bela mulher, a mais gentil alma, o coração mais puro, ali, estremecendo
com aquelas palavras inusitadas, ditas por aquele homem, que de homem só tem a
forma.
Todo
ele é luz.
Uma
luz que não se descreve e que a trespassa.
Nem
por um momento se atemoriza a donzela.
«Não
temas Maria, o Senhor enviou-me”.
Tão
jovem e tão humilde, tão singela e desinteressada:
Que
quer este homem de mim?
Quem
é?
Que
me vai acontecer?
Que
mal fiz eu?
Nada
disto se pergunta a Virgem.
Perguntas
legítimas e naturalíssimas. «não temas. o Teu Deus, o Senhor, mandou-me»
Isto
basta, chega perfeitamente.
Vem
de Deus, vem do Senhor, só pode ser coisa boa, como tudo o que vem de Deus,
mas, mesmo que não seja... isso não importa, vem de Deus, é com certeza para
meu bem, mesmo que seja sofrimento, ainda que seja algo de tão estranho que
pareça impossível.
Pois,
para Deus, não há impossíveis, portanto, se Ele quer, pode fazer.
Mais
tarde, dirá,
«Faça-se a Vontade do Senhor»
Toda
a Vontade, de uma forma total e completa.
Eu,
não sou mais que «A escrava do Senhor»!
A
Escrava do Senhor!
Não
um burro de carga, um pau mandado, uma coisa, um roto, não, uma escrava, um ser
humano portanto, que pensa, que sente, que gosta, que tem sentimentos, mas que,
tendo isso tudo, obedece e faz, sem hesitar, porque quem manda é o Senhor e o
escravo deve obedecer prontamente.
Mais
tarde dirá também, que as gerações futuras hão-de celebrá-la, louvá-la e
engrandece-la.
Ela
sabe, instantaneamente, isto tudo, mas nem por isso deixa de se considerar a
escrava do Senhor.
Será
Rainha dos Anjos e dos Santos, estará, no Céu, no degrau imediato a Deus que a
ouvirá sempre complacentemente, nos seus rogos de intercessora dos homens e,
sabendo isto, a Escrava do Senhor é como ela se considera.
Fundamentalmente,
a Virgem sabe que é uma criatura de Deus, que Lhe pertence inteiramente, que
Deus é senhor absoluto de todas as coisas, que dá e tira a vida quando, como e
a quem quer, que efectivamente, todos os homens, são seus escravos, embora não
se considerem assim.
Deus
também não nos considera assim.
Preferiu
antes chamar-nos filhos e irmãos, porque não Lhe interessam escravos,
interessam-lhe homens com vontade própria, que saibam lutar contra os defeitos
e os vícios e vencer-se a si mesmo no
caminho certo.
Mas,
no fundo, o homem tem de se considerar escravo pois, o é efectivamente, no
sentido de cumprir, sem hesitações ou desvios, a vontade do Senhor, sempre e em
qualquer circunstância.
Ajuda-me,
Senhor, a conhecer a Tua vontade e a ter a disposição que a nossa Santíssima
Mãe nos ensinou.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.