O
demónio do messianismo induz o apóstolo a constituir-se no centro de toda actividade
pastoral em que está engajado. É uma tentação que vai penetrando subtilmente
sua vida, até levá-lo a sentir-se indispensável em tudo.
O
messianismo constitui basicamente uma atitude deficiente em relação a Deus: eu
sou o “piloto” e o Senhor é o “co-piloto” ajudante. Quem cai nesta tentação,
não é que deixe de levar Deus em conta, de rezar e de recorrer a ele diante dos
problemas, mas fá-lo para que Deus simplesmente o ajude no apostolado que ele
próprio dirige e planeja. Em última análise, procura-se incorporar o Senhor no
nosso trabalho e não de incorporarmo-nos no trabalho de Deus, que é o específico
do apostolado: Deus é o “piloto”, e eu sou o “co-piloto” ajudante. Trata-se,
inconscientemente, de substituir o messianismo de Cristo, o único
evangelizador, pelo nosso messianismo pessoal.
Esta
atitude diante de Deus, projecta-se numa atitude deficiente também para com os
demais que colaboram connosco. Tornamo-nos incapazes de delegar
responsabilidades ou tarefas: não confiamos verdadeiramente nas pessoas, com
excepção de uns poucos, habitualmente réplica fiel de nós mesmos, acabando
rodeados unicamente por eles. É uma tendência que costuma agravar-se no
transcurso dos anos.
Existe
sempre uma relação entre a atitude diante de Deus e a atitude frente aos outros
e vice-versa. Assim, a desconfiança nos colaboradores do apostolado, reflecte
uma desconfiança em Deus, que é justamente o que vai implícito no demónio do
messianismo. Pois, confiar realmente em Deus, supõe uma confiança prudencial
nos outros. E, por sua vez, a confiança nos outros também implica Deus, pois
foi ele quem os foi chamando e colocando-os como nossos companheiros de
trabalho.
O
messianismo também tem consequências negativas nos resultados externos do apostolado,
ao menos a longo prazo, além de comprometer o fruto profundo da evangelização.
Em primeiro lugar, a atitude messiânica não deixa os outros crescerem, uma vez
que a expansão e maturação da obra apostólica não caminham paralelamente, como
devia ser, com a maturidade e crescimento daqueles que a levam a cabo. Em
segundo lugar, sucede, então, que as iniciativas e criações do apostolado
messiânico, não contribuem necessariamente para formar pessoas, nem para
preparar sucessores. Normalmente, o apóstolo messiânico identifica-se a tal
ponto com a sua obra que, quando ele desaparece ou se translada, ela acaba-se:
era demasiadamente pessoal e não havia substitutos preparados.
O
verdadeiro apostolado que constrói o Reino de Deus a partir da Igreja ali onde
ela ainda não está, contribui sempre para fazer desabrochar a própria Igreja: os
seus evangelizadores e comunidades. Também se aprende a ser cristão aprendendo
a evangelizar, e isso não é possível sem realmente assumir responsabilidades.
Um apóstolo maduro revela, entre outras coisas, que alguém confiou nele.
Fonte:
prebíteros
(revisão
da versão portuguesa por ama)
Este
texto é um extracto do livro do teólogo chileno segundo
galilea, Tentación y
Discernimiento, Narcea, Madrid 1991, p. 29-67.
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