Celibato
eclesiástico: História e fundamentos teológicos [i]
III.
Desenvolvimento do tema da continência na Igreja latina
Entre as normas que
tomadas do património tradicional da Igreja Africana foram em seguida relidas
ou novamente decididas, se encontram no vigésimo quinto posto um texto do
presidente Aurélio: “nós, queridos irmãos, acrescentamos também que em relação
ao que foi dito da incontinência de alguns clérigos, que eram somente leitores,
com suas próprias esposas, se decidiu o que também noutros Concílios foi
confirmado: que os subdiáconos, que tocam os santos mistérios, e os diáconos,
sacerdotes e bispos devem, segundo as normas vigentes para eles, abster-se da
própria esposa e se comportar como se não a tivesse; e se não se ativerem a
isso, devem ser afastados do serviço eclesiástico. Os demais clérigos não estão
obrigados até uma idade mais madura. Depois disso todo o Concílio respondeu:
nós confirmamos tudo o que Vossa Santidade disse de maneira justa e é santo e
agradável a Deus”.
Recolhemos aqui com tanto
detalhe esse testemunho da Igreja Africana do final do século IV e do começo do
século V por causa de sua fundamental importância. Desses textos se deduzem a
clara consciência de uma tradição baseada não somente numa persuasão geral, que
ninguém suspeitava, mas também em documentos bem conservados. Naqueles anos
foram encontradas ainda no arquivo da Igreja Africana, as atas originais que os
Padres tinham trazido do Concílio de Nicéia. Se houvesse disposições contrárias
ao celibato eclesiástico tal e como o vemos afirmado, tinham sido mencionadas
da mesma forma que sucedeu com o erro ou o descuido da Igreja Romana a respeito
dos cânones de Sárdica atribuídos a Nicéia.
Tudo isso mostra também a
consciência de uma tradição comum da Igreja Universal, cujas diversas partes
guardam uma comunhão viva entre si. O que na Igreja Africana foi afirmado muito
explícita e repetidamente sobre a origem apostólica e a observância transmitida
desde a Antiguidade da continência dos eclesiásticos junto com as sanções aos
que a desobedecessem, não teria sido certamente aceito de modo tão geral e
pacífico, se não houvesse tido o aval de ser um facto comummente conhecido.
Sobre isso temos ainda testemunhos explícitos da Igreja Oriental, que teremos
oportunidade de analisar.
(cont)
(Revisão
da versão portuguesa por ama)
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